03 de Outubro de 2012
A batalha e o triunfo das pequenas Lorena e Manuela
Obrigada, querida Camila, pelo carinho com o site, por compartilhar um pouco da vida de suas duas princesas conosco e pela paciência na espera desta publicação. Um beijo em toda família e muita saúde para as meninas!
"Olá, meu nome é Camila, tenho 33 anos, sou gestora em saúde, casada com o Vinicius e MÃE da Lorena e da Manuela.
No dia 17/11/2007 me casei com o Vinicius (o melhor marido e PAI do mundo!), e embarquei no dia 18/11/2007 para Natal/RN já me imaginando na volta da lua de mel totalmente grávida... Assim foram 3 anos e 8 meses na espera, por causa da tal "SOP - Síndrome do Ovário Policistico".
Finalmente no dia 08 de março de 2011, a melhor notícia da minha vida: estava grávida de 15 semanas e nunca imaginava. Pra falar a verdade, já não queria mais pensar nisso, sofria muito... enfim... a ultrassonografia mostrou não apenas um feto, e sim dois e à todo vapor!
Vivi pouco tempo a ideia de estar grávida, utilizando e aproveitando de todas as regalias que uma gestante deve ter (bolinho da mãe, lasanha da sogra, filas preferenciais, assentos reservados, hehehe), pois na 21a semana fui internada com 5 dedos de dilatação.
Descobria naquele momento que tenho um problema de saúde chamado "Incompetência Istmo Cervical" onde o colo do útero "abre" precocemente dando início ao trabaho de parto. Fiquei internada no Hospital das Clínicas da FMUSP por quase dois meses em repouso absoluto, só levantava para ir até a cadeira de rodas para fazer os exames de ultrassonografia, até banho era no leito.
Consegui... chegamos a 29 semanas, quando meu colo do útero se desfez totalmente e as minhas peixinhas nasceram de parto normal. Nunca antes de tê-las, tinha lido ou pesquisado sobre prematuridade. Me deparei com duas bebês muito pequeninas e magrinhas: 1.200g a Manuela e 1.250g a Lorena e ambas com 37,5cm.
A primeira gemelar (Lorena) nasceu vigorosa e como um bebzinho de termo não precisou de ajuda para respirar (quero dizer, não precisou intubar). Ficou no CPAP por 5 dias e depois arzinho da encubadora. Já a Manu precisou ser reanimada e intubada, onde permaneceu por 3 dias, e após uma semana precisou intubar novamente por conta de uma infecção no PICC. E lá se foram mais 2 dias... Felizmente também caminhou para o CPAP e posteriormente arzinho da encubadora.
Foram várias apnéias, várias quedas na saturação, dias e dias de orações, idas e vindas do hospital com o "coração na mão" e após 57 dias, minhas filhas receberam alta, graças à DEUS!
Hoje as duas levam vida normal, a Lorena está com 8.870g e 74cm e a Manu com 8.275g e 71cm, comem de tudo, estão quase andando. Estamos no primeiro inverno delas, e como disse a pediatra delas "elas são como um HD em branco e vão pegar todas as gripes e resfriados possíveis até criarem imunidade" e assim está sendo...
A Manu ficou com displasia broncopulmonar por conta do período de intubação, mas que com o tempo e o crescimento dela se resolverá. No mais, somos e estamos felizes e tenho que deixar registrado que meu marido foi de uma importância imensa em todo o processo... de uma doçura inexplicavél. Sem ele eu não conseguiria, a dor e o sofrimento de ver minhas filhas lutando pela vida foi grande.
Enfim, passamos e hoje elas estão com 1 ano e 16 dias... e só agora me senti confortável para escrever minha estória. O blog Prematuridade.com, me ajudou muito, as mães dos prematurinhos que compartilharam suas histórias de fé e coragem aqui me fizeram acordar e dormir melhor, no período em que enfrentei a UTI Neo, me sinto na obrigação de compartilhar também a caminhada que passei com minhas bebês.
Hoje meu maior prazer é conversar com mães de prematuros para trocar experiências, compartilhar momentos... O dia da vacina palivizumabe (que acontece 1 vez por mês) é uma delícia, tenho chance de ver a vitória no rosto de cada uma das mães.
Somos merecedoras de bebês tão fortes, que desde a concepção já lutaram para estar conosco e o fardo nunca é maior do que podemos aguentar. Fé em Deus e muita força... que a festa há de chegar. Ou melhor: há de continuar, mamães guerreiras!!!
Beijos"
Camila Garcia Tosetti Pejão, mãe da Lorena e da Manuela