27 de Agosto de 2014

A batalha do lindo Salvador

“O meu nome é Sílvia Martinho, sou mãe de um prematuro de 34 semanas chamado Salvador.

salvadorcomlogo1Tive uma gravidez “santa”. Nunca enjoei, não tive grande sono, sempre bem disposta. Por volta das 27 semanas, comecei a ser seguida no hospital do Alto do Ave, porque tive diabetes gestacional. Na consulta das 29 semanas, a médica ao me examinar  viu que o colo do útero estava curto e deu baixa de alto risco com repouso. Às 30 semanas, fiz injetável para maturidade pulmonar do Salvador. Ia todas as semanas à consulta. Na consulta das 34 semanas, a Dra. me internou por precaução, porque o Salvador ainda não tinha dado a volta. Tinham receio que entraria em trabalho de parto em casa.

salvadorcomlogo2No dia 23 de maio, dia do internamento, a médica disse para não me preocupar, porque o Salvador não ia nascer nesse dia, podia demorar 1, 2 ou mais semanas. Nesse mesmo dia, após 2 horas de internamento, o Salvador já queria nascer (e eu sem dor nenhuma). Fui internada às 14h30min e o Salvador nasceu de cesariana, às 18h25min, com 2,344 kg e 44 cm. Foi transferido para o serviço de Neonatologia por dificuldades respiratórias, levou uma transfusão de sangue nesse mesmo dia, esteve com CPAP nos cuidados intensivos por 1 semana, e depois foi para os cuidados intermédios durante 4 semanas. O Salvador era muito imaturo, pensava que ainda estava dentro da minha barriga e fazia bradicardias. Foram 5 semanas de internamento.

salvadorcomlogo3Foram dias muito complicados. Não havia dia nenhum que não chorava. Tinha uma tristeza profunda por ninguém conhecer o meu filho, pois só após 3 semanas de internamento é que autorizaram a entrada dos avós. Fiquei sempre ao lado do meu filho, 24 sob 24 horas (aqui na cidade onde moro, Guimarães (Portugal), o serviço de neonatologia tem quartos para as mães). No começo só dormia 2 horas, depois passei a dormir 4 horas. Só ia para casa uma vez por semana, em uma corrida para buscar roupa e sempre sem querer ver ninguém.

Cheguei a um ponto que me esquecia de tudo. Acabava de pesar e medir a temperatura do Salvador e, nesse mesmo instante, vinha um enfermeiro e perguntava pelos valores e eu não os sabia dizer. Comecei a apontar tudo. Estava ficando “senil”. Ficava fechada todo o dia e perdi completamente a noção do tempo, mas, mesmo assim, nunca fui abaixo, tinha que ser superior a isso tudo porque o meu filho precisava muito de mim. O ponto mais crítico era quando o meu marido ia embora (por volta das 24 horas), dava-me um ataque de choros porque pensava: “Somos uma família e estamos todos separados”.

No dia 27 de junho, a Dra. Clarinha chegou à minha beira e disse: “Vamos ver este “ganfias” (era assim carinhosamente que ela o tratava) para esta mãe ir para casa que bem merece”. Eu olhei para ela incrédula e ela rematou: “Sim, o Salvador vai ter alta hoje”. Foi uma felicidade total, chorei de alegria. No tempo todo de internamento, nunca perguntei a nenhum médico quando é que o Salvador ia para casa. Não queria criar falsas expectativas.

Hoje, o Salvador tem quase 3 anos, é uma criança super bem-disposta e super feliz. Agradeço a todo o corpo clínico do CHAA, todo o apoio e carinho que nos deram. Desejo o melhor do mundo a todos os prematuros e pais prematuros. Um beijinho especial do Salvador!”

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Sílvia, mãe do Salvador

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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