07 de Fevereiro de 2013

A batalha de Pedro: 110 dias de UTI


A Marienne, mãe do Pedro, é um doce de pessoa. Não me admira que Deus a tenha escolhido para ser mãe do Pedro, uma criança muito especial e iluminada. Obrigada, Marienne, por tudo! Pelo carinho e por dividir conosco o teu milagre. Um beijo grande e muita saúde pro pequeno.

"Sou mãe do ‘pitoco’ Pedro e venho contar sua história de superação, que durou 110 dias.

Minha gravidez foi uma surpresa para todos, até para mim mesma, pois tenho problema de ovários policísticos. Após um ano sem tomar comprimido, veio à notícia e por meio de uma ‘sexagem’ fetal na 10ª semana, soubemos que meu menino viria ao mundo.

Estava tudo muito tranquilo até a 26° semana, sem problema algum até que o tampão começou a sair e passei a ter cólicas. Fui para meu médico, que diagnosticou uma incompetência istmo-cervical – onde o colo do útero não suporta o peso do bebê.

Conseguiram fazer uma ‘cerclagem’, e segurei a gestação por mais 6 dias, até que começou a sair uma secreção esverdeada e as contrações vieram com força total, indicando que o bebê estava em sofrimento fetal, o que me levou a antecipar o seu nascimento.

Fui levada para a sala de parto e em 45 minutos ele nasceu de parto normal, com 27 semanas, pesando 960 gramas e 30 cm.

Lembro que ele não chorou e rapidamente foi levado pela equipe da UTI Neo. Só pude vê-lo à noite, e sinceramente a dor de ver meu filho ali, tão pequeno, tão frágil, foi pior do que a dor que senti no parto. No dia seguinte tive alta, mas meu pequeno iria ficar por um tempo que ninguém sabia especificar.

Ele teve várias intercorrências: uma ‘sepse’ generalizada logo ao nascer, um PCA que não fechou e teve de fazer cirurgia depois de 33 dias de nascido, ficou entubado por 56 dias, teve broncodisplasia, refluxo, retinopatia, enfim.

Após 75 dias de UTI, meu pequeno subiu para os cuidados especiais e quatro dias após, o levamos para outro estado a fim de fazer a cirurgia da retinopatia, já que onde moro a máquina está quebrada. Fomos bem cedo, acompanhando a UTI móvel que o levava. Foram 180 km até o destino.

Tudo transcorreu tranquilamente e a cirurgia foi realizada com sucesso. Até que, na volta, faltando apenas 70 km para chegar à nossa cidade, ele começa a ter parada respiratória. A UTI parou no acostamento 4 vezes, sendo as 2 últimas os piores momentos porque ele estava tendo bradicardia, faltando pouco para ter uma parada cardíaca. Tudo em consequência da anestesia.

Conseguimos chegar ao hospital. Saímos do carro correndo em direção à ambulância sem saber se ele ainda estava vivo e, ao abrir as portas, vimos o monitor mostrando seus batimentos, sua saturação. Nunca senti um alívio tão grande em minha vida, mesmo o vendo num estado praticamente desfalecido.

Pedro voltou para UTI. Foram mais 15 dias para estabilizar do susto, melhorar o sistema respiratório, descartar qualquer infecção e finalmente sair da UTI e subir para os cuidados. Chegando lá, a missão era aprender a mamar para podermos ter alta. Chamamos uma fonoaudióloga para ajudar. Foram cinco dias, e a evolução não foi como esperávamos. Ela disse que só daria alta se ele ganhasse peso no outro dia.

Dormi ansiosa e logo cedo liguei para saber do seu peso. Para minha tristeza ele havia perdido alguns gramas. Chorei bastante, mais fui ao hospital decidida a levar meu comigo. No hospital, contei a situação à pediatra de plantão, pois para mim e meu marido não fazia sentido prolongar a estada dele lá, já que estava totalmente bem, e ali ficava suscetível a pegar uma nova infecção apenas por não conseguir mamar como deveria.

Todo o tempo em que ele ficou internado, não deixei um dia sequer de ordenhar para garantir o leite dele. E não seria por falta dele que meu bebê não poderia ir para casa. Falei com a ‘fono’ e com o pediatra e depois de muita conversação e apelos, finalmente nos deram alta.

Hoje meu pequeno está muito bem, mama algumas vezes e toma a mamadeira com meu leite tranquilamente. Estamos nos adaptando ao seu ritmo, pois prematurinhos são lentos.

Sua respiração ainda não é 100%, mais uma coisa eu posso afirmar: tomei a decisão certa ao tirá-lo de lá, pois sua melhora é visível e surpreendente.

A paciência, o pensamento positivo, a perseverança e o amor que temos pelo Pedro foram essenciais para que ele estivesse aqui conosco. Ver meu filho num sono tranquilo, sem máquinas e seus apitos ao redor, sem seringas e sem sonda não tem preço no mundo que pague. O seu sorriso é que me faz ver que todo o sofrimento valeu a pena, e que realmente não há amor maior no mundo do que o de ser mãe."

Marienne, mãe do Pedro.

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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