06 de Setembro de 2011

Histórias Reais | Paula e a pequena Mariana: câncer no colo do útero e prematuridade


Imagine ouvir aquela palavra que ninguém quer ouvir, aquele diagnóstico fatídico (sim, o de câncer), quando se está passando por um dos momentos mais maravilhosos da vida. Junte a isso, o anúncio de um bebê prematuro e com ele a necessidade de aprender, de antemão, a ser uma "mãe de UTI". Nada fácil... Porém, quando se tem a família e amigos verdadeiros por perto, tudo pode ser superado e o final da história pode ser muito feliz... e feliz para sempre!

Paula, não canso de agradecer: obrigada por compartilhar esse relato emocionante. Muita saúde pra ti e pra toda tua família. Um grande beijo!

"Me chamo Paula, tenho 35, casada, mãe de 3 meninos, todos nascidos a termo.

Em janeiro deste 2011 descobrimos que estávamos esperando novamente um bebê. Quanta Felicidade, apesar dos nossos familiares nos julgarem doidos, por ser nosso bebê de número 4.

Iniciamos nosso pré-natal, normalmente, até que em um domingo, tive um pequeno sangramento, nos deslocamos para a clínica Santa Helena, em Florianópolis, onde moramos. Após consulta e exames, o médico constatou uma ferida no meu colo do útero. Pediu um ultrasom para o dia seguinte e um retorno imediato ao consultório.

No dia seguinte, ultrasom normal, bebê se desenvolvendo bem, no consultório, novo exame com o colposcópio: lá estava a ferida. Meu médico fez coleta de papanicolau e material para biópsia.

Após quase 20 dias de agonia, na espera pelo resultado do preventivo e biópsia, para nossa surpresa, com o pouquíssimo material que havia sido enviado a biópsia, nada foi detectado. Porém, o preventivo deu alterado e sugeriu nova investigação.

Meu médico me encaminhou para um especialista em colposcopia na cidade, mas desta vez, demorei cerca de 1 mês para marcar a dita consulta, pois havia muito medo em torno do resultado.

Enfim, novamente coletamos material para biópsia. Desta vez, muito material. Mais 20 dias até o resultado: Adenocarcinoma de colo uterino...Logo pensei: "isso é de comer ou de beber???"

Liguei imediatamente para meu médico, li o resultado e um silêncio ensurdecedor me deu a resposta: "Vixiiii deu coisa! Dr. ??? Alô...Dr.??" Do outro lado da linha um: "Paula, podes vir ao consultório para conversarmos?" Eu insisti: "Porque, Dr? Isso é o que eu acho que é?". Ele me respondeu: "Isso nao é coisa para falarmos por telefone", mas eu ouvi: "É, minha filha, isso é câncer sim...chegou a tua vez!!"

Após isto, veio a data da consulta, a conversa, a explicação sobre a doença e o encaminhamento para o oncologista cirurgião. Neste meio tempo, já sabíamos que quem chegaria seria a nossa princesa Mariana, tão sonhada e esperada filha mulher!









Mariana, logo que nasceu.

Muitas dúvidas em relação a seu desenvolvimento, se conseguiríamos manter a gestação...enfim, fomos encaminhados a um anjo chamado Ygor Vieira de Oliveira, que deste momento em diante assumiu os riscos junto conosco, desta doença, nos garantindo, nos dando plena certeza de que nada aconteceria a nossa pequena Mariana e que,após um parto prematuro,a fim de proteger a mãe do desenvolvimento deste tipo raro de câncer que me acometia, virou nosso anjo protetor.

O obstetra sofre um acidente e teve que se afastar das atividades médicas, onde Dr. Ygor assumiu a parte obstétrica também. Foram 32 semanas de muita angústia, muita pesquisa sobre a doença e sobre o ser mãe de UTI, onde este site, através de informações e muitos depoimentos de outras mães, fomos tendo ideia do que iríamos vivenciar.

Chegou nosso grandioso dia, 22 de julho de 2011, na clínica Santa Helena, em Florianópolis. Lá estava garantida a vaga da Mariana na UTI Neo, e às 18:12, veio ao mundo, com 42 cm e pesando exatos 1.800kg, nossa princesa.

A vi rapidamente, a beijei, desejei boas vindas e lá foi ela, através das mãos do Dr. Elisandro Batisti, para os cuidados da Neo. Neste momento comecei a ser mãe de UTI. Fui para o quarto, contando os minutos para fazer a primeira refeição, tomar banho e poder ver minha filha.

Quando chegou este momento...nossa, quanta felicidade! Depois de paramentada para entrar na Neo, perguntei: "onde está minha gatinha?"Uma enfermeira me respondeu: "Ali mamãe, naquele bercinho"... minhas pernas pareciam que não iriam chegar lá nunca,o coração parecia querer saltar, quando a vi, mais uma chuva de emoções, choro incontido, mas sem colo, obviamente, ela estava respirando com auxilio da tenda de oxigênio.










A pequena em um dos dias mais complicados na UTI.

Assim foram nossos dias. Em seguida, mamãe ganhou alta... me doeu muito em ir embora deixando meu tesouro precioso, mas tinha absoluta certeza de que estava em ótimas mãos. Assim, se seguiram os dias, uns dias mais felizes, outros menos, como o dia que cheguei na Neo e minha filha, que no dia anterior havia deixado somente com a sonda de almentação,estava amarrada ao berço, estava "entubada",na verdade estava no CPAP, com óculos de fototerapia, meu mundo desmoronou, tive que sair da sala pois estava chorando em cima dela.

Mas nos dias que se seguiram, só alegrias. Mariana se extubou, tirava as sondas diariamente, querendo mostrar que não precisava mais delas, chegou a pesar 1.590kg. O dia que a pude ter nos braços pela primeira vez, foi tão emocionante, como se ela estivesse nascendo naquele instante.

Após 17 dias de lutas e conquistas, Mariana pode vir para casa, medindo 42,5 cm e pesando 1.875kg.

Nossa luta em fortalecê-la continua, e da mamãe contra o câncer também."










Docinho: linda, no dia da alta.

Paula, mãe da Mariana.


Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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