O Caio era ótimo na barriga, grande, agitado... Eu praticamente parei de viver por causa dessa sensação de que ele iria nascer antes do tempo e como tinha esse medo decidi que se fosse por causa de esforço, susto, essas coisas, eu iria conseguir segurar o máximo de tempo pra ele não nascer prematuro.
Com 5 meses, fiquei preocupada em arrumar as coisas dele, era amedrontante. A minha felicidade era imensa mas estava muito cansada. Com muita falta de ar, cãibras...
Minha saúde nunca foi lá essas coisas eu normalmente sou fraca apesar dos exames estarem ótimos, eu tinha consciência que estava sendo uma luta e uma vitória para mim e pra ele. Ficava contando os dias pra chegar os 7 meses pois sabia que as possibilidades dele sobreviver eram maiores.
Eu ficava em casa, deitada, parei de trabalhar, de estudar, de sair que adoro, de andar de moto e até dirigir eu evitava. Evitava me estressar, mas parecia que isso e tomar sustos era inevitável. Como eu não queria incomodar nem ser chamada de fresca pelos familiares e nem no hospital ficava calada, sentindo tudo sozinha.
Eu tinha minha antepenúltima consulta pré natal marcada pro dia 09/12/2011, mas como seria feriado antecipei para o dia 5. O marido reclamou, disse que era pra eu marcar pro dia 15, mas graças a Deus que eu não o ouvi. Passei o fim de semana com dores tipo prisão de ventre e com muita insônia, mas nada demais, meu tampão tava saindo mas nada demais também.
Quando cheguei no consultório às 12h30min falei a minha médica do tampão e ela foi me examinar. Foi a sorte: eu estava em trabalho de parto, com uma roda de tampão perdido e com 5cm de dilatação sem sentir dor nenhuma e, detalhe: dirigindo. Fiquei chateada, pensei meu 3º chá de fraldas vai ser dia 11, e vão me segurar no hospital pra não ser nada.... Belo engano. Fui internada às 13h30min.
Fiz os exames e as contrações aumentando e nada de dor. Eu conversando normal, minha médica em alerta foi logo dizendo que do jeito que eu estava ia tentar levar até a quarta à noite pra amadurecer o pulmão de Caio, pois não daria mais pra segurar. E eu pensando, mas com 33 semanas??? Nem eu mesma acreditei, apesar de sempre ter tido esse medo.
Nada de dor, só a barriga contraindo, nada de morrer... NADA. Tudo seco. Tomei remédio pra diminuir as contrações mas tive reação e comecei a ter arritmia e me debater.
Às 7h da manhã do outro dia e nada de sinal de dor, dilatação 7cm, minha médica perguntou se eu queria tentar normal pois tinha tudo pra ser normal, eu estava super bem... Mas eu disse que não queria normal não. Ela fez novamente a tocografia, as contrações estavam violentas mesmo eu não sentindo NADA, ele me levou pra sala de cirurgia na hora, o coração de Caio já estava a 200bpm (batimentos por minuto). Fui pra sala às pressas, tomei as anestesias mas não pegou, eu estava sentindo tudo, comecei a me bater de novo e então resolveram aplicar anestesia geral.
Caio já estava em sofrimento com o cordão amarrado no pescoço, só não desceu normal pois o cordão estava impedindo, nasceu desfalecido, mas por DEUS meu bebê voltou a respirar. Não vi nada e nem meus parentes puderam entrar. Ele foi direto pra UTI Neo e só pude vê-lo à noite quando me levantei.
Ele nasceu dia 6 de dezembro às 9h05min com 2,670Kg... Lindo!
Eu tenho uma coisa pra dizer pra vocês... Seja parto normal ou cesárea, sigam os seus instintos. Não tenham medo de nada, Deus realmente fortalece a gente. Todos ficaram surpreendidos com a minha calma diante da situação, mas só pode ter vindo de Deus mesmo.
Se eu ouvisse os outros talvez meu filho não estivesse aqui agora. Não tinha nada pronto ainda, foi um corre-corre pra levar roupa, não tava nada lavado, mas ver aquele rostinho igual ao seu em miniatura: não tem preço!
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Esse sorriso não tem preço! |
No final, com a biópsia, descobri que tive uma infecção severa na placenta e no cordão umbilical e que eu e ele poderíamos ter morrido.
Apesar de tudo, estou feliz, meu bebê está aqui comigo, grudado, sempre. Hoje ele está com quase 6 meses e 8kg, muito esperto. Por causa da prematuridade ele faz fisioterapia para que não haja atraso em seu desenvolvimento motor. Larguei tudo e eu pessoalmente me incubo de cuidar dele e de suas coisas, faço questão de não perder nenhum momento dele.
Beijos a todas"
Catarina, mãe do Caio.
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