Após 7 anos de casamento, resolvemos aumentar a família. Parei de tomar remédio e fiquei grávida logo em seguida. Que felicidade, meu Deus! Mas por um golpe do destino eu levei um choque e acabei perdendo o bebê. Fiquei meio depressiva, chorei muito.
No mês seguinte a perca, eu fui fazer uma ultrasom pra ver se meu útero estava pronto pra eu engravidar novamente, e pra minha surpresa eu ja estava grávida. E de gêmeos! Um susto e uma felicidade enooorme! Meu coração estava feliz mas o medo de perder estes bebês também me consumia.
Com 8 semanas, o primeiro susto. Tive um sangramento, corri pro hospital. Depois de uma eco bem detalhada me foi recomendado repouso. Meus bebês estavam ótimos.
Com 10 semanas, outro sangramento ainda mais forte. Corri pro hospital, a médica da emergência me disse de cara que eu tinha perdido os bebês. Quase enlouqueci! Ela já me mandou pra internação, pra tirar os bebês, mas pra minha sorte um médico que estava por perto resolveu fazer uma ultra e, pra surpresa geral, meus bebês estavam lá firmes e fortes.
A partir daí este médico me assumiu e começou a dar tudo certo, mas os sustos não passavam. Eram sangramentos, sempre muito fortes, cólicas, enjoos fortíssimos. Cheguei a emagrecer 8kg. Vomitava sangue, tive que ser afastada do trabalho. Cheguei a ficar 3 meses sem levantar da cama de tanta fraqueza.
Com 20 semanas descobri que seriam 2 meninas. Que felicidade nossa! A partir daí tudo foi se acertando. Eu comecei a ganhar peso e a sentir os movimentos das minhas bonecas. E engraçado que mesmo eu estando bem o medo me consumia. Eu achava sempre que ia perdê- las.
Quando eu completei 29 semanas comecei a inchar muito. Meus pés pareciam luvas infladas, mas minhas pressão continuava controlada. Nestes dias eu comecei a sentir um molhadinho entre as pernas sempre. Eu comentei com meu médico ele disse que era normal a gente ficar mais úmida na gestação, principalmente no final. Mas eu sentia que aquilo não era normal. Eu vivia molhada, chegava a escorrer.
Com 31 semanas eu fiz uma eco e estava normal. Eu comentei com a medica que fazia a eco que eu estava perdendo líquido mas ela não fez muita questão. Aí eu fiquei tranquila.
Na próxima semana, exatamente no dia 17/12/11, eu completei 32 semanas. Acordei mais inchada do que nunca, com uma dor no corpo e com diarreia. Pensei que fosse normal, pelo tanto que eu estava pesada. Mas não era. À noite, eu deitada no sofá de repente ouço "tlof"! Quando eu olhei estava escorrendo muita água pelas minhas pernas. Liguei desesperada pro meu médico. Pra mim, ali eu já tinha perdido minhas filhas; meu médico mandou eu ir pro hospital.
Eu moro em Senador Canedo (Goiás) e tive que ir pra Goiânia já que na minha cidade não tem UTI Neo. Cheguei no hospital 40 minutos depois, já com 8cm de dilatação. Meu médico mandou preparar o centro cirúrgico. Demorou uns 10 minutos. Quando eu cheguei lá eu já estava com 11cm dilatados. O médico só me avisou que não daria tempo de fazer uma cesariana. Foi parto normal mesmo. Então, às 23:56, nasceu minha Julia, pesando 2,100kg com 41 cm. Linda! Com apgar 8-9. Agora vinha o pior: Beatriz estava sentada. O médico queria fazer cesariana mas eu não deixei. Ele então, num movimento arriscado, conseguiu virar ela e às 00:06, nascia Beatriz com 2,415kg e 41cm. Linda também, igualzinha a Julia. Apgar 8-9 também. Como já era esperado, foram direto pra UTI Neo do hospital da criança de Goiânia. Eu fiquei no outro hospital sozinha. Que tristeza ver outras mamães com seus bebês e você tendo dois de uma vez estando naquela solidão. Como foi triste...
Como eu fiz parto normal, no outro dia já tive alta. Que tristeza sair sozinha, chegar em casa sem o barrigão e sem minhas bebês. Nunca tinha me sentido tão sozinha.
No mesmo dia eu fui ver elas na UTI. Estavam de olhos vendados fazendo banho de luz. Não precisaram ser entubadas mas estavam no capacete de oxigênio. Cheias de fios e aparelhos. Meu Deus, que dor! E aquele oxímetro era meu terror... toda hora apitava.
Eu só podia visitar elas duas vezes por dia e apenas 15 minutos. Estes minutos passavam voando. Eu tinha que ir embora e deixá-las lá. Muitas vezes eu fingi que não tinha visto que meu tempo havia acabado pra ficar mais um pouquinho com elas.
No segundo dia eu fui vê-las e elas estavam hipoglicêmicas, e a enfermeira procurava um acesso na Julinha. Furou ela todinha procurando veia. Eu quase enlouqueci.
Com 5 dias elas já respiravam sozinhas, mas perdiam peso sempre. Chegaram a 1,900kg. A
ictericia nao cedia, elas estavam todas cheias de manchas roxas pelas picadas, pelo soro e tantas coisas... Ás vezes eu tinha vontade de não ir vê-las, de tão triste que era. Mas eu tinha que dar forças a elas. Meu sonho era poder pegá-las no colo.
Passamos o Natal sem elas. No dia 26 a Beatriz saiu do banho de luz e desceu pra UTI intermediária. Eu pude então pegá-la pela primeira vez. No outro dia a Julia também desceu. Dai foi só alegria.
O problema a partir daí foi que elas não mamavam sozinhas. Não se acostumavam sem a sondinha, só queriam dormir. As enfermeiras não incentivavam elas a mamarem no peito. Sempre na hora que eu chegava elas estavam dando o mamá por sonda pra elas.
Os dias iam passando e nada. Passamos o Reveillón sem elas também. Pra mim foi o pior dia de todos.
No dia 01/01/12 a Beatriz resolveu mamar na chuquinha. Foi mágico, maravilhoso! Mas a Julia continuava preguiçosa. Então a médica me disse que a Beatriz ia ter alta no dia seguinte e a Julia ia ficar lá. Fui embora chorando! Meu sonho era ir embora com as duas nos braços. No dia seguinte esperei o telefone tocar avisando da alta. Mas não tocou. Fui pro hospital e me disseram que a pediatra não tinha ido. A Julia continuava sem mamar. À noite, eu arrumando a malinha da Beatriz, chorei muito. Eu queria as duas comigo! Então, eu ajoelhei na beira da cama e comecei a orar... e falei pra Deus que eu não aceitava vir embora só com a Beatriz. Orei até amanhecer o dia...
Pela manhã meu telefone tocou. Quando eu atendi, era do hospital. As duas tinham tido alta!!! Misteriosamente a Julia começou a mamar, e melhor que a Beatriz. Então, depois de 17 dias, pude ter minhas bençãos comigo. Foi, sem dúvidas, o dia mais feliz da minha vida. Meu sonho era ver minhas duas filhinhas no bercinho delas, e foi a primeira coisa que fiz quando cheguei em casa: coloquei as duas no berço, sentei na cama fiquei olhando-as e chorei como uma criança...
Elas ainda demoraram um pouco pra aprender a mamar no peito. Mas eu não desisti até que elas pegaram! Agora meu sonho estava completo.
Hoje elas estão com 4 meses. Lindas, enormes. Ainda sou fascinada em olhar pra elas dormindo no bercinho delas; tenho certeza de que não há riqueza maior neste mundo. Sou fascinada em vê-las mamando em mim e ainda tomando complemento! Elas já estão dando sorrisinhos fofos.
Quando olho pra elas sei que o pior já passou, que a UTI ficou pra trás... Sou muito feliz com minhas duas princesas: Julia e Beatriz.
Raquel, mãe guerreira das vitoriosas Julia e Beatriz.