08 de Julho de 2013

Guilherme: um enviado por Deus

“Meu nome é Andrea, tenho 29 anos e sou auxiliar de enfermagem na UTI-Neonatal do HC da USP de Ribeirão Preto. Amo muito meu trabalho, mas sei bem, por mim e pelas minhas colegas, que temos uma rotina pesada em contato com todas as enfermidades que acometem nossos pequenos. Lá eu já vi tudo que o amor e a fé são capazes, e como a vida de uma família pode mudar nesse momento tão importante, que é a chegada de um novo membro. As grandes provações que muitos deles têm de passar e a luz daqueles que passam um breve tempo conosco.

Vivendo todas essas situações, vocês podem imaginar que não seja fácil levar uma gravidez tranqüila. Por nossas cabeças passa a luz de todos os problemas possíveis, mas Deus me proporcionou a chance de sobreviver para dar meu testemunho às minhas queridas mãezinhas.

Em julho de 2008 eu tive uma gravidez ectópica tubária e tive que passar por um procedimento de urgência, que retirou meu filho com apenas 8 semanas. Eu poderia ter morrido, minha vida esteve em risco pela hemorragia. Dois dias depois, por uma complicação, novamente estive na mesa de cirurgia por uma ruptura de bexiga.  Sobrevivi novamente pela vontade de Deus, mas, mesmo sabendo de seu grande amor, a depressão foi inevitável. Durante meses nutri o sentimento da perda e da dor, mas tive muitos anjos: meu marido, minha família e amigos que me apoiaram a retomar a vida.

Após seis meses, fui liberada pelo meu querido médico Dr. Lucas Felipe a tentar engravidar novamente. Acreditávamos que, por ter agora apenas uma trompa, eu demoraria a conseguir. Porém, como Deus sempre tem seus caminhos, em um mês eu esperava o Guilherme. No começo houve o temor de ver se repetir a mesma história. O primeiro ultrassom foi feito com apenas 5 semanas e ele estava bem, depois com 9 semanas seu coração batia forte. Eu era só alegria e estava sempre bem amparada pela equipe do HC.

Tive uma gravidez relativamente tranqüila, porém comecei a inchar muito e, com 28 semanas, percebi dores de cabeça e um aumento da pressão arterial. Nesse momento, foi essencial o repouso e o bom acompanhamento. Encaminhada para o grupo de alto risco, fui diagnosticada com a temida Síndrome Hellp. Passei por um período de internação e foi determinante para que eu o segurasse o máximo possível. Tínhamos até uma esperança de segurar até o fim, mas a minha piora foi gradual e, no dia 19/09/2009, pela manhã, eu internei em trabalho de parto.

Os médicos inibiram o trabalho para que meu filho tivesse mais tempo, mas esse era o dia escolhido por Deus e, quando chegaram os resultados de meus exames, perceberam que minhas plaquetas chegaram a um nível alarmante e era até mesmo estranho que eu parecesse bem. Em poucas horas e com 32 semanas, através de uma cesárea de urgência e sem que eu pudesse ver (devido ao meu estado crítico, eu estava entubada em anestesia geral), nasceu meu Guilherme, com 1,735kg.

Meu marido foi informado que, devido à anestesia, ele poderia nascer desacordado. Mas não, meu pequeno guerreiro nasceu gritando a plenos pulmões e anunciando que vinha pra mudar nossas vidas. Nesse momento eu ainda corria risco de vida. Conheci muitas mulheres que perderam a vida ou seus filhos nessas condições, mas quis Deus (e sempre serei grata) que eu pudesse viver e conhecer meu filho. Ele ficou justamente dentro do meu setor, cuidado pelas minhas amigas que eu tanto amo e respeito, e sei que o cuidaram com muito carinho.

Guilherme esteve no CTI por 3 dias, mas ele rapidamente mostrou sua força. Ficou no CPAP por apenas 12 horas e, com 18 horas, já mamava no seio, o que o possibilitou a sair do soro. Ficamos juntos em um quarto só para nós, graças à influência dos pediatras que me conheciam e acreditaram que eu seria capaz de cuidar dele. Ele ficou no banho de luz, perdeu peso, mas, após 12 dias, com 1,850kg, recebeu alta.

Nós voltávamos a cada 3 dias para pesar e depois foi espaçando até que ele, com um mês, tivesse 2,675kg. Foram dias que mudaram minha vida. Meu filho é perfeito, sem seqüelas, cresce e se desenvolve cercado de amor. Digo sempre pra quem eu conheço que Deus me deu muitas chances e vivo cada dia com meu pequeno na maior alegria e valorizando sempre. Continuo dando esperanças às mães que ainda passam por essa luta, cuidando de seus filhos como se fossem meus, me doando e oferecendo o amor que eles merecem.”

Andrea, mãe do Guilherme

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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