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28.09.2012

Grávida de gêmeos: quando as vidas correm riscos


Quando a Juliana Belli, nossa amiga no Facebook, estava com apenas 20 semanas de gestação, foi diagnosticada a síndrome da transfusão feto-fetal. Graças a procedimentos ultra-modernos e totalmente gratuitos, seus amados gêmeos Hugo e Gael hoje crescem fortes e saudáveis e estão com aproximadamente 1.300g cada um. A mamãe Juliana está com 30 semanas, de repouso absoluto, mas passa muito bem.

Achei importantíssimo divulgar mais informações sobre essa síndrome e, sobretudo, fornecer contatos caso alguém precise. Ficam as dicas: equipe do Dr.Peralta, da UNICAMP, de Campinas, que atenderam a Juliana e o contato da própria Juliana (juliana.belli.7@facebook.com) que se coloca totalmente à disposição para quem precisar de mais detalhes. Juliana, querida: obrigada por tudo. Estás ajudando a salvar vidas!

"As gestações múltiplas trazem riscos de mortalidade e morbidade para os fetos envolvidos quando comparados as gestações simples. Com o acesso a métodos de fecundação in vitro as gestações múltiplas acontecem com uma maior freqüência esse tipo de gravidez é sempre mais perigoso, diz o médico Edson Borges Junior, um dos autores do estudo e diretor da Fertility.

Os gêmeos que se originam de dois zigotos são ditos gêmeos dizigóticos, ou fraternos. Quando os gêmeos são originados de um único zigoto são ditos monozigóticos ou gêmeos idênticos.

Nas gestações com mais de dois fetos, a probabilidade de os bebês nascerem prematuros ultrapassa 50%.

Crianças prematuras, entre outros problemas, podem apresentar lesões neurológicas irreversíveis. No caso das mulheres, é maior a incidência de hipertensão, anemia e infecção urinária durante a gravidez.

A síndrome da transfusão feto-fetal é um dos problemas que podem acontecer em gestações múltiplas.

Essa síndrome ocorre em mais de 30% dos gêmeos dizigóticos monocoriônicos e é caracterizada pela passagem de sangue arterial de um bebê para a circulação venosa do outro por meio de anastomoses arteriovenosas.

A morte de gêmeos doadores pode ser resultado de anemia, nos gêmeos receptores a insuficiência cardíaca é a principal causa de mortalidade.

O bebê em "pior" situação vira doador, pois ele, que já era menorzinho, tenta invadir o território do outro. O fluxo de sangue diminui, fica anêmico, urina menos. O bebê receptor, por sua vez, recebe sangue demais, tendo maior probabilidade de insuficiência cardíaca. Ou seja: na prática, não é bom para nenhum dos dois.

Quase aos sete meses de gravidez, Fernanda Alpista Zeferino, arquiteta, 32 anos descobriu a síndrome.

"Não doía, mas incomodava bastante para sentar, dormir. Inicialmente a obstetra receitou progesterona para relaxar o útero. Mas minha barriga continuou a crescer. Uma noite passei tão mal que acabei indo ao pronto-socorro, fiz vários exames, os médicos suspeitaram da síndrome da transfusão fetal e fui encaminhada parauma especialista em medicina fetal", prossegue Fernanda. "A consulta foi à noite mesmo. A situação era tão grave que, na manhã seguinte, fui operada. Deu tudo certo. Entre o início dos sintomas e a cirurgia foi apenas uma semana. Quatro dias depois,já havia perdido três quilos – só de líquido! Os bebês estão ótimos".

Guilherme e Gabriel nasceram. Não tiveram complicações relacionadas à cirurgia. As dificuldades habituais de ganho de peso decorrentes da prematuridade foram constatadas. O feto maior – o receptor, no caso Guilherme (à direita, na foto) – ficou duas semanas no hospital. O menor – o doador, o Gabriel – 42 dias na UTI.

A cirurgia que salva vidas

Um procedimento intra-uterino adotado pela equipe do Hospital da Mulher-Caism (unidade que compõe o complexo hospitalar da Unicamp, Campinas, SP) é voltado ao tratamento da transfusão feto-fetal, que ocorre por ocasião da gestação de gêmeos.

Nesse caso, os dois fetos estão conectados por uma única placenta. Nessa situação, um vaso sanguíneo costuma interligar os bebês, o que faz com que um “roube” sangue do outro. “Quando isso acontece, normalmente um dos fetos morre”, esclarece Fábio Peralta.

Para tratar o problema, os especialistas também lançam mão do procedimento endoscópico para corrigir o problema ainda antes do parto. Com a ajuda de uma micro-câmera e de um laser, eles identificam o vaso sanguíneo e o cauterizam. “Essa é a melhor técnica para tratar esse tipo de problema. Se ela não for aplicada nos casos que têm indicação, a taxa de óbito de um ou de ambos os bebês supera 90%. Ademais, metade das crianças que sobrevivem apresenta algum dano neurológico”, informa o ginecologista e obstetra.

Fábio Peralta: “Acompanhamento contínuo da gravidez nos dá a chance de identificar problemas” (Fotos: Antoninho Perri)

Com a ajuda da nova técnica, que começou a ser utilizada em 1989 e que foi adotada há cerca de dois anos pelo Caism, o índice de sobrevida das crianças atingiu índices comparáveis aos obtidos internacionalmente. “Aqui, em 75% dos casos nós conseguimos assegurar a sobrevivência de um dos bebês. Em metade dos casos, os dois bebês sobreviveram. Das 30 crianças que sobreviveram por conta do procedimento, nenhuma apresentou dano neurológico”, comemora Fábio Peralta. Segundo ele, esse tipo de problema também é raro, atingindo uma em cada 5 mil gravidezes. A transfusão feto-fetal também pode ser identificada a partir da 12ª de gestação. O ideal é que a cirurgia seja realizada entre a 18ª e a 24ª semana. “Depois disso os riscos para os fetos e para a mãe aumentam muito. Também nesse caso, o pré-natal surge como um aliado importante para diagnosticar e tratar o problema nos tempos certos”, acrescenta.

Antes do uso do laser, a medicina se valia de um método menos sofisticado para tentar tratar a transfusão feto-fetal. Este, observa Fábio Peralta, ainda pode ser empregado em locais que não contam com um serviço de alta complexidade como o disponível no Caism. Nesse caso, os médicos optam por esvaziar o líquido que se acumula na barriga da mãe e que muitas vezes leva ao parto prematuro. “Drenar esse líquido tende a prolongar a gestação, o que pode ajudar a salvar um ou os dois bebês. Ocorre, entretanto, que nessa circunstância o índice de sobrevida dificilmente supera os 50%, sem contar que o risco de dano neurológico aumenta consideravelmente. Retirar o líquido é tratar apenas o sintoma e não a doença em si”, compara o ginecologista e obstetra."

Fontes pesquisadas:  Embriologia Humana e Jornal da UNICAMP

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