27 de Agosto de 2013

Gabriella: a princesa de 29 semanas e 1,350kg

"Tudo seguia bem até que, na 29a semana de gestação, entrei em trabalho de parto. Era véspera do meu aniversário e minha obstetra fez de tudo para que minha pequena Gabi não chegasse tão antes da hora. Mas não teve jeito. Gabriella chegou ao mundo no dia 03 de fevereiro de 2013, às 00h35min, de parto normal, pesando 1,350kg e medindo 40cm. O parto foi lindo e perfeito, mas eu sabia que dentro de instantes minha vida mudaria para sempre e que eu e meu marido entraríamos num mundo completamente desconhecido por nós. Assim foi.

Às 11 horas do dia seguinte, fomos à UTI para finalmente ver nossa pequena e saber a real situação que ela se encontrava. Foi um choque. Quando nos deparamos com o tamanho dela, tão frágil, entubada, ligada a tantos fios, com uma luz azul em cima dela, a encubadora toda embaçada, mal podíamos ver o seu rostinho. Chorei muito. Tive um grande medo de ela não resistir àquilo tudo. Meu marido ficou paralisado, pálido, cheguei a pensar que desmaiaria com a tal cena.

O primeiro contato com a médica de plantão foi o pior possível. Muito seca, ela nos disse que a nossa bebê era uma prematura de alto risco e que as chances não eram satisfatórias, dado o grande comprometimento do seu pulmãozinho. Foi como levar um soco na boca do estômago. Ajoelhei-me nas escadas do hospital e, com toda fé que havia dentro de mim, pedi a Deus pela minha filha. A partir dali, não deixei de acreditar nela em nenhum minuto sequer. Travamos uma guerra difícil, mas a cada batalha vencida me sentia renovada. Não foi fácil.

Gabi passou 52 dias entubada, não dava conta de respirar sem a ajuda de aparelhos, teve 4 infecções graves, uma delas com suspeita de meningite, a cavidade do coração aberta, passou por 3 transfusões de sangue, sangramento intracraniano nível 3 e 2 cirurgias para a colocação da DVP na cabecinha. Sem falar das agulhadas que ela tomava quase que diariamente na moleira para a retirada de excesso do liquor que estava ficando armazenado no seu cérebro.

Eu fiquei acabada, destruída, cada sofrimento que ela passava parecia que morria um pedaço de mim. Era terrível vê-la sofrendo tanto e não poder fazer nada por ela que não fosse orar e orar e orar. Eu orava e pedia a Deus vinte e quatro horas do meu dia. Mas lá no fundo do meu coração eu sabia que Deus estava apenas terminando de construir a minha filha para me entregá-la perfeita ao final dos três meses que ela precisaria para nascer a termo.

Dito e feito! Com 53 dias de nascida, minha pequena tolerou bem o CPAP. No dia seguinte, pudemos fazer o tão sonhado canguru; três dias depois, pude amamentá-la por cinco minutos; na semana seguinte já estava usando roupinhas e tomando banhozinho de banheira. Muitas glórias!!! Foram 89 dias de internação. Gabriella precisou colocar a válvula definitiva por conta da hidrocefalia, está reagindo super bem e hoje olhando pra ela não conseguimos acreditar em tudo que esse anjo passou.

Ser mãe de UTI não é fácil e, com toda a certeza, saímos dessa experiência muito melhores do que entramos. Acho também que Deus escolhe as pessoas certas para passar por isso. Pra ser mãe de prematuro, temos que ser especiais. É assim que me sinto. Especial. Por ser uma escolhida de Deus."

Merielen, mãe da Gabriella

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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