29 de Setembro de 2013

Enzo: o querido espoletinha

“Lembro como se fosse hoje, depois de três meses de gestação turbulenta (do quarto ao sétimo mês eu ganhei vinte quilos), no quinto mês eu e o meu obstetra descobrimos em meu organismo a famosa pré-eclâmpsia. Minha gestação, de maneira geral, foi um caos. A carga genética para a alteração da pressão arterial, somada aos fatores ambientais e emocionais, me deixaram doente ao invés de grávida.

Com 26 semanas, fui hospitalizada. Meu bebê (hoje com 5 anos) não ganhava peso, porque uma das características da pré-eclâmpsia é a perda das proteínas através da urina. Com o tempo de 31 semanas, verificou-se, através de um exame, a disfunção dos meus rins, então meu obstetra resolveu fazer a cesariana.

Mas o que me preocupava era o Enzo, tão pequeno, com menos de 2 quilos, viria ao mundo para terminar a sua formação na UTI Neonatal. Meu médico dizia que, para o bebê, era muito melhor ficar na Neonatal do que numa placenta doente e incapaz de nutri-lo até o final da gestação, sem contar o enorme risco de morte que me acompanhava diariamente.

O Enzo nasceu de cesariana, aos 19 dias do mês de abril de 2008, com 1,790kg, magrinho, com o pulmão quase formado, mas muito magrinho. Demorei dois dias para vê-lo e quando aconteceu, caiu a ficha, meu filho estava numa encubadora de UTI, repleto de agulhas com remédios, faixas nas mãos, tampão nos olhos... Enfim, além dos meus trinta dias de internação, vivi mais trinta de internação do meu filho. Foi um vai e vem, um tal de ordenhar e congelar leite, de casa para o hospital, do hospital para casa.

 

Um dia, fui avisada que poderia carregá-lo no dia seguinte. Pois bem, naquela noite eu não dormi de tanta emoção, enfim eu poderia sentir a minha luz, eu poderia carregá-lo, acariciá-lo, foi o momento de mais ansiedade que já vivi em toda a minha vida. Esperar mais uma noite para sentir o meu filhinho no colo. Ele era tão lindo, magrinho, mas tinha uma feição tão linda, uma "covinha" na bochecha direita que marca a sua beleza até hoje e permanecerá por toda a sua vida.

 

Os médicos o chamavam de Espoleta, porque ele se mexia demais, quando eu chegava na UTI ele segurava forte em minhas mãos. Hoje o Enzo tem 5 anos, é um vencedor, tem ótima saúde, é super bem vacinado, inteligente, não carrega nenhuma seqüela devido ao nascimento prematuro. A pediatra, que o carregou no colo no dia do nascimento, nos acompanha até hoje e adora quando a visitamos, com plena saúde e crescimento normal.

A experiência de uma gestação de risco não me tirou a vontade de ter mais filhos, carrego em meu peito um amor incapaz de ser medido, incondicional, protetor, companheiro e sei que o meu amor e a minha dedicação fizeram toda a diferença na recuperação e no desenvolvimento do meu filho. Posso dizer que eu viveria mil vezes mais para tê-lo em meus braços.”

Fabiana, mãe do Enzo

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

Compartilhe esta história

Tem uma história de prematuridade para compartilhar?

Envie seu relato para gente e faça a diferença para quem precisa de palavras de força e esperança nesse momento.

envie sua história

Conheça outras histórias

Veja histórias por:

    Últimas Notícias

    Receba as novidades

    Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que acontece no universo da prematuridade.