15 de Junho de 2014
Davi: As grandes conquistas do guerreiro de 27 semanas
“Eu me chamo Soraya, tenho 31 anos e sou mãe do Davi. Somos de Coelho Neto (MA), mas ele nasceu em Teresina (PI).
Bom, eu tive pressão alta na gravidez e, com quatro meses, fazia uso de medicação para controlar, mas não deu para ir até o fim. Com 25 para 26 semanas, fiquei internada e, no 15º dia, o Dr. disse que o Davi já estava laçado duas vezes e não estava bem, ele estava em sofrimento, murchando na barriga e teria que fazer o parto logo. Era o tempo apenas de falar com o anestesista, pois a minha pressão só subia... Lembro como se fosse hoje das palavras dele: "Olhe, Soraya, o seu bebê é prematuro extremo. Não crie expectativas, pense no pior. Se vier o melhor, melhor!” Foi a pior hora. Se deu tempo de tomar duas injeções de amadurecer o pulmão, foi muito.
Na manhã de 20 de janeiro de 2012, às 8 horas da manhã, eu vi o Davi muito rápido, tão pequeno e roxinho. Pude ouvir ele chorar. Eu tentava gravar todo aquele momento na minha cabeça, pois achava que não iria mais vê-lo. Logo a minha pressão subiu muito, mas cheguei a falar para Dr.: "É ele que está chorando?”. Eu falei ainda: “Davi, meu filho, não chora, mamãe tá aqui. Não chora para não perder peso!". E, então, o levaram. Davi chegou com 27 semanas, 885 gramas e 34,5 cm. Ele perdeu peso, as primeiras horas foram difíceis pois aquelas palavras não me saíam da cabeça. E foi passando, passando...
Com 15 dias, ele teve uma parada na hora da visita, e o que era pior: eu vi tudo e fiquei com o coração na mão! O meu bebê tão pequeno e guerreiro. Eu ouvia muito para mim ter paciência, mas é muito difícil. Logo depois o meu leite secou, acho que do susto. Aí começou tudo de novo... Ele foi intubado, foi para o acesso, e o capacete. Mas estava dando certo.
Com 1 mês, começou um cansaço e foi detectado displasia. Foi um choque, porque o médico falava em fazer traqueostomia, mas a minha fé era gigante e, graças à Deus, Davi não precisou. Fez várias transfusões, um dia ganhava peso e no outro... e ainda cansadinho. Teve infecções também. Eu sonhava vendo o rostinho dele por inteiro, já que sempre tinha os esparadrapos da sonda.
Foram 84 dias na Neonatal. Davi saiu com 2,200 kg e com quase 3 meses de vida. A luta, então, continuava. Fazia acompanhamento com os especialistas e, principalmente, com o pneumologista e cardiologista. Devido a displasia, apareceu a hipertensão pulmonar e o coração não estava fechado, tinha sopro.
Com quatro meses e meio, pesando 3,100 kg, Davi fez uma cirurgia de urgência de hérnia inguinal, pois havia encarcerado. Com quatro dias da cirurgia, a outra hérnia também encarcerou. Fez outra cirurgia, tudo acompanhado pelo cardiopediatra que o acompanhava. Nós vivíamos isolados. Eu tinha muito medo dele pegar doenças e complicar mais ainda. O mais incrível de tudo era a alegria dele de viver, de estar aqui, acordava tão feliz. Era um bom dia, uma boa tarde e um boa noite tão mágico para todos nós!
Quando ele fez 10 meses, o cardiologista nos deu uma notícia abençoada: o canal do coração fechou e ele não precisaria mais de remédios, mais uma vitória! Fizemos um lindo louvor em agradecimento. Davi foi crescendo, tentando sentar, endurecendo o pescocinho... e foi indo, fez um ano. Começou a andar com 1 ano e 6 meses, mas parou porque caiu e ficou com medo. Aí voltou a andar e correr com 1 ano e 8 meses. Ele é muito lindo e esperto, é um milagre da fé. Fé que ele já nasceu com ela! Hoje, ele tem 2 e 4 meses é muito feliz e lindo. Sou muito, mas muito orgulhosa dele. Pude aprender com ele o significado de amor, força, paciência e fé! Adoro acompanhar vocês, e, às vezes, faço visitas na UTI e indico para as outras mamães acompanhar vocês!”
Aqui na foto do aniversário de 2 aninhos estão os amiguinhos da UTI: a Yrla, que nasceu com 880 gramas e o Gabriel que nasceu com 1,100 kg. Todos estão muito bem!
Meu Dia das Mães de 2014 foi assim: meu filho com saúde e muitos abraços e beijos!
E aqui uma foto atual do Davi:
Soraya, mãe do Davi