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17.11.2025

Custo bilionário da prematuridade expõe alerta para prevenção e cuidado neonatal

Durante a campanha Novembro Roxo, a ONG Prematuridade.com lembra do impacto econômico e social, e a urgência de políticas públicas eficazes

Novembro/25 - O nascimento prematuro de bebês - antes das 37 semanas de gestação - continua impondo um custo bilionário ao sistema de saúde brasileiro. Segundo levantamento da Planisa¹, consultoria especializada em custos hospitalares, foram gastos cerca de R$ 13,5 bilhões em 2024 com internações de recém-nascidos prematuros em unidades de terapia intensiva neonatal (UTI). A análise envolveu uma amostra de 18 mil altas de prematuros que permaneceram internados, em média, por 14 dias.

Os cálculos foram feitos com base em dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC)², do Ministério da Saúde, e no custo mediano da diária de UTI neonatal em 60 hospitais do país — R$ 2.652 por dia, com permanência média de 14 dias por recém-nascido. Ao projetar os custos com base em uma pesquisa da ONG Prematuridade.com, feita com 2.900 famílias de bebês prematuros entre outubro de 2016 e junho de 2019, que constatou uma média de 51 dias de internação em UTI neonatal, o gasto estimado salta para R$ 32 bilhões.

“Os dados mostram que a prematuridade causa um enorme impacto financeiro, mas o que mais preocupa são as consequências de longo prazo para essas crianças, suas famílias e para a sociedade. É urgente fortalecer políticas de prevenção, como o planejamento reprodutivo e o acesso a um pré-natal de qualidade”, ressalta a diretora executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.

Ela lembra que muitos bebês prematuros precisam de internações prolongadas e podem enfrentar complicações graves, como doenças respiratórias, infecções, dificuldades de alimentação e atrasos no desenvolvimento. “Por trás dos números existem vidas, bebês, famílias. Pelo menos 12% das crianças nascidas no Brasil são prematuras, então precisamos urgentemente diminuir esses índices, por meio do fortalecimento de políticas de prevenção, e garantir que cada um desses bebês tenha acesso ao melhor, mais moderno e mais humano cuidado, para que possam não só sobreviver, mas crescer e se desenvolver adequadamente”, reforça Denise.

Comparações - De janeiro a setembro de 2025, o Sistema Único de Saúde (SUS) destinou cerca de R$ 13 bilhões às internações de recém-nascidos prematuros em UTI, um valor que evidencia o peso econômico e social da prematuridade.

Para efeito de comparação, em dez anos, o SUS registrou 1,8 milhão de internações por sinistros de trânsito, somando R$ 3,8 bilhões em despesas hospitalares diretas, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde. Ou seja, em apenas nove meses, os gastos com prematuros foram mais de três vezes superiores ao total desembolsado com as vítimas de acidentes de trânsito em toda a última década.

Mesmo considerando dados históricos (como o período de 2004 a 2013, quando as hospitalizações por acidentes de trânsito custaram cerca de R$ 1,9 bilhão), o contraste é ainda mais expressivo. Enquanto os acidentes de trânsito mobilizam grande atenção pública e campanhas permanentes de prevenção, a prematuridade continua sendo um desafio silencioso e de alto impacto financeiro para o sistema de saúde. Na avaliação de Denise, questões sociais e culturais agravam o cenário brasileiro, como a gestação na adolescência, a dificuldade de acesso a consultas de pré-natal e a alta taxa de cesarianas eletivas. “É preciso garantir que o cuidado comece antes do nascimento, especialmente para as mulheres em situação de vulnerabilidade”, endossa a diretora.

“Reduzir a prematuridade é possível, mas exige um compromisso coletivo do poder público, dos profissionais de saúde e da sociedade. Prevenir é sempre mais humano e muito mais econômico”, conclui.

 

https://dados.gov.br/dados/conjuntos-dados/sistema-de-informacao-sobre-nascidos-vivos-sinasc-1996-a-20201²
Sobre a ONG Prematuridade.com – A Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros – ONG Prematuridade.com, é a única organização sem fins lucrativos dedicada, em âmbito nacional, à prevenção do parto prematuro e à garantia dos direitos dos prematuros e de suas famílias. A ONG é referência para ações voltadas à prematuridade e representa o Brasil em iniciativas e redes globais que visam o cuidado à saúde materna e neonatal. A organização desenvolve ações políticas e sociais, bem como projetos em parceria com a iniciativa privada, tais como campanhas de conscientização, ações beneficentes, qualificação de profissionais de saúde, colaboração em pesquisas, aconselhamento jurídico e acolhimento às famílias, entre outras.
Sobre a Planisa¹ - Com 37 anos de atuação, a Planisa é líder em soluções para gestão de custos na saúde na América Latina e detém a maior base de dados de custos de hospitais do Brasil. A empresa oferece soluções tecnológicas e serviços de consultoria especializados no setor de saúde, conectando dados assistenciais e econômicos com inteligência para otimizar a gestão dos cuidados de saúde. Atuando no Brasil e em outros países da América do Sul e África, a Planisa gerenciou R$ 41,3 bilhões em custos hospitalares nos últimos 12 meses, com uma carteira de 385 clientes.

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