Uma gravidez normal resulta em uma série de mudanças hormonais que alteram a função tireoidiana. Em geral, a causa mais comum de hipotireoidismo na gravidez é a desordem autoimune, conhecida como tireoidite de Hashimoto. De acordo com a American Thyroid Association, o hipotireoidismo pode ocorrer durante a gravidez em decorrência do desenvolvimento inicial da tireoidite de Hashimoto, de controle inadequado em uma mulher que já tenha hipotireoidismo, ou de correção excessiva em portadora de hipertireoidismo.
“É importante avaliar a função da tireóide no primeiro trimestre de gestação para detectar precocemente as gestantes com hipotireoidismo sem diagnóstico prévio a gestação”, afirma a Dra. Gisah Carvalho, professora da Universidade Federal do Paraná e Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia - Paraná (SBEM -PR).
Sem controle adequado, o hipotireoidismo na gestação pode causar sérias consequências para a mãe e o bebê, como: anemia materna, miopatia (dor muscular, fraqueza), insuficiência cardíaca congestiva, doença hipertensiva na gestação, anomalias placentárias, aborto espontâneo, recém-nascidos com baixo peso, parto prematuro, complicações fetais, descolamento de placenta etc. “Vale a pena ressaltar que mulheres com problema de infertilidade devem ter sua tireóide avaliada, pois o hipotireoidismo causa infertilidade”, lembra a Dra. Gisah.
Mulheres com hipotireoidismo leve ou inicial podem não ter sintomas, mas também podem apresentar problemas obstétricos e neurocognitivos na criança. Caso a mulher já tenha sido diagnosticada com hipotireoidismo e venha controlando a doença, as chances de ter uma gestação saudável são iguais as de uma mulher que não tenha a doença. É preciso apenas consultar sempre o médico de confiança para ajuste da dosagem.
Durante a gestação, a tireóide do feto é imatura e o sistema nervoso central e outros órgãos dependem do hormônio tireoidiano da mãe para seu desenvolvimento adequado. O hormônio da tireoide é fundamental para o desenvolvimento do cérebro do bebê. As crianças que nascem com hipotireoidismo congênito (sem função tireoidiana ao nascer) podem ter sérias sequelas cognitivas, neurológicas e de desenvolvimento, caso o problema não seja identificado e controlado precocemente. Na maioria das vezes, estes problemas de desenvolvimento podem ser evitados se a doença for reconhecida e controlada imediatamente após o nascimento.
O hipotireoidismo congênito representa uma das causas mais frequentes de retardo mental, que pode ser prevenida com o diagnóstico precoce e controle adequado. A disfunção acontece quando o bebê nasce com ausência total ou parcial dos hormônios tireoidianos. A criança nasce sem a glândula ou com uma glândula que funciona apenas parcialmente.
O problema é relativamente frequente: um em cada 3.500 a 4.000 recém-nascidos vivos apresenta o problema, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Entre as causas pode-se apontar a deficiência em iodo (cretinismo endêmico), considerada a mais frequente, anomalias no desenvolvimento tireoidiano, defeitos na síntese hormonal, distúrbios hipotálamo-hipofisários e resistência ao TSH ou ao hormônio tireoidianos (mais raros). Crianças com hipotireoidismo congênito geralmente apresentam deficiência mental, sendo 20% dos casos considerados severos, 35% moderados e 25% discreto.
“Teste do pezinho”
Para identificar se o recém-nascido apresenta problemas na tireóide, basta realizar o teste do pezinho. “Retira-se uma gota de sangue do pé do bebê no terceiro dia de vida. O exame ajuda a verificar se a tireoide do bebê está funcionando bem, além de atestar a ocorrência de outras doenças”, diz a Dra. Laura Ward, professora da Unicamp e vice-presidente do departamento de tireoide da SBEM. Se o hipotireoidismo congênito for controlado de forma adequada e precocemente, a criança leva uma vida normal.
A Campanha Mulher Sem Falta foi criada por uma grande indústria faracêutica, com o objetivo de alertar sobre os sintomas do hipotireoidismo e ressaltar a importância do diagnóstico precoce. O foco da campanha são as mulheres acima dos 30 anos, faixa da população em que a prevalência do hipotireoidismo é maior. No site especialmente criado para a campanha (www.mulhersemfalta.com.br) a população terá acesso a mais informações sobre hipotireoidismo, fatores de risco, causas, alerta sobre exames e autoexame e poderá, ainda, tirar dúvidas com especialistas no assunto.
Fonte: Portal Fator Brasil (30/04/2011)