17 de Dezembro de 2013
Caleb: tão pequeno, mas com uma força de gigante
“Bom, tudo começou no dia em que descobri que estava grávida, dia 13 de setembro de 2012. Foi uma imensa alegria e um imenso susto também, pois não esperávamos. Já estava com 3 meses quando eu descobri. Fui fazer o primeiro ultrassom e quando ouvi o seu coraçãozinho, chorei de tanta alegria. O médico nos disse que seria um menina, e compramos tudo. Então, veio o primeiro sangramento com 4 meses. Fiquei um mês sangrando e os médicos não sabiam o que fazer, mas, mesmo assim, o bebê aguentou firme e forte.
Depois de passado o primeiro ultrassom, fui fazer outro com 5 meses e ele estava gordo e perfeito. Nesse dia, o médico nos deu a notícia de que não era uma menina, e sim um meninão. Quase caímos de costa! Começamos, então, a correria para trocar tudo.
Em fevereiro, fui viajar e comecei a sentir várias dores, e, por isso, decidimos vir embora, pois na cidade em que estávamos não tinha hospital. Arrumamos as coisas e viemos embora para Itatiba. Chegando com muita dor, passei no médico, ele me viu e me mandou para casa alegando que não era nada. Completei 6 meses de gestação na quarta-feira, dia 13 de fevereiro de 2013, e passei o resto da semana com muita dor. No domingo, dia 17, dei entrada na Santa Casa de Misericórdia de Itatiba com um forte sangramento e com muitas contrações, uma atrás da outra. A minha pressão estava em 20, e a médica me dizia que o Caleb não poderia nascer, pois se nascesse, não sobreviveria por ser tão novo. Como a pressão não abaixava, o sangramento não estancava e as contrações eram cada vez mais intensas, me levaram para a sala de cirurgia às pressas, pois eu e o meu bebê poderíamos morrer.
Então, às 06h05min, do dia 18 de fevereiro de 2013, nasceu o meu guerreiro Caleb Lorenzo Dias de Moraes, de 26 semanas, com 885 gramas e 25 cm. Um bebê perfeito, lindo e muito forte. Foi aí que a sua luta pela vida começou. No dia 20 de fevereiro de 2013, ele nos deu o primeiro susto: parou de respirar por 10 minutos. Entrei em desespero, mas, graças a Deus, ele voltou a respirar. A partir disso, foram apenas boas notícias. Ele começou a mamar, a respirar sozinho, fazia gracinhas, ria, chorava,era o bebê mais agitado da UTI Neo. Os médicos me disseram que jamais tinham visto um bebê da idade gestacional do meu ser tão forte. O hospital inteiro quis conhecer o anjo chamado Caleb.
Mas, de um dia para o outro, cheguei ao hospital e ele está todo intubado e sedado. Ainda assim, não parava, abria o olho, mexia as mãozinhas e os pezinhos. O médico nos disse que ele tinha pegado uma infecção no intestino, mas que já estava sendo tudo feito para cortar essa infecção. Ele engordou, chegou a pesar 1,200 kg com 34 cm, mas, mesmo assim, a infecção ia tomando conta do meu bebê. Suspenderam o leite, e, quando ele completou 22 dias, teve outra parada cardíaca. Mais 10 minutos sem respirar. Então, ele voltou, só que dessa vez mais fraco, e a cada dia mais fraco, ia perdendo a cor. Achei que não eu aguentaria. Era muito sofrimento para um ser tão frágil e tão pequenininho. Eu daria a minha vida para ver ele bem, mas ele continuou cada vez pior.
No dia 15 de março 2013, foi o dia da visita dos avós. Entramos para vê-lo e todos ficaram babando, pois ele era muito lindo. Mesmo estando tão doentinho, ele ainda fazia gracinha e lutava para sobreviver. Tão pequeno, mas com uma força de gigante. Eu jamais perdi a esperança de sair com o meu filho nos braços daquele hospital. Nessa sexta-feira, aconteceu algo inexplicável e que eu jamais irei esquecer. Eu comecei a falar com ele, dizer para ele o quanto eu o amava,o quanto ele era especial para mim e que ele melhoraria e que eu o levaria para casa. Então, ele, com muito esforço, virou a cabecinha e começou a prestar atenção em tudo o que eu dizia. Ele olhou dentro dos meus olhos e sorriu. Eu disse que ele tinha que melhorar logo, pois eu tinha feito um quarto digno de um príncipe para ele, e que todos da família queriam o conhecer. Disse também o quanto eu o amava. Ele sorriu novamente e apertou o meu dedo com aquela mãozinha tão pequena. E todos os avós ficaram surpresos, pois ele jamais havia feito isso, de prestar atenção em tudo o que eu dizia e olhar fixamente para mim e para o pai dele. Eu não queria ir embora e ter que deixá-lo, pois foi o momento mais feliz da minha vida.
No dia seguinte, às 16h30min, fui visitá-lo e ele não estava nada bem. Estava branco como um papel, sedado e muito inchado. Saí do hospital chorando e falando com Deus, disse que não aguentava mais vê-lo daquele jeito, e que a vontade dele fosse feita. Às 19h30min, ele teve 3 paradas e um grande sangramento. Às 23h00, do dia 16 de março de 2013, me ligaram do hospital e pediram que eu fosse pra lá urgentemente. Saí desesperada, chorando muito, eu e o pai dele. Quando chegamos na UTINeo, a médica nos disse que ele havia falecido. Entrei em desespero. Não queria aceitar, mas foi feita a vontade de Deus. E, como anjos não podem viver na terra, ele se foi, mas deixou aqui muita saudade e uma história de um vencedor que lutou 26 dias para sobreviver. Ele venceu muitas barreiras e mostrou para todos e para o hospital inteiro, que Deus é Deus, e que ele era um grande guerreiro.”
Thaís Leandra, mãe do Caleb
Leia mais histórias de bebês prematuros.