Estudo italiano mostrou que quando as mães falam ou cantam perto dos pequenos, eles demonstram menos desconforto ao tirar sangue e receber injeções, por exemplo. “Nossos resultados comprovam a importância de manter mães e filhos próximos mesmo na UTI”, disseram os pesquisadores.
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Revista Crescer Online 30/08/2021
Prematuros em Unidades de Terapia Intensiva sentem menos dor quando ouvem a voz da mãe durante procedimentos médicos, afirma um estudo da Universidade de Gênova, na Itália, publicado neste mês. Os pesquisadores notaram também aumento nos níveis de ocitocina, conhecido como hormônio de amor que traz sensações de bem-estar e relaxamento, quando os bebês estavam escutando as mães.
Os resultados mostram a importância da presença da mãe para o desenvolvimento dos prematuros que estão na UTI Neonatal. No estudo, os pesquisadores analisaram dados de 20 bebês que nasceram antes da 37ª semana de gestação. Os testes foram divididos em três fases: na primeira, a mãe não estava presente enquanto enfermeiras tiravam sangue do pequeno; na segunda, a mãe conversava com o bebê durante a extração; e, na terceira, cantava para ele durante o procedimento. As mães começavam a falar ou cantar para o bebê cinco minutos antes de o teste ser realizado.
Usando o 'Perfil de Dor em Bebês Prematuros' - que classifica a dor em uma escala de 0 a 21 com base em expressões e medidas como frequência cardíaca e níveis de oxigenação - a equipe analisou se a presença da mãe acalmava os bebês. Os pesquisadores filmaram os bebês sem som e deixaram que a equipe classificasse o nível de desconforto do pequeno com base nas imagens, sem saber se a mãe estava presente ou não.
Eles notaram uma queda de 4,5 para 3 no índice de dor dos prematuros enquanto a mãe falava e 3,8 quando ela cantava. “O melhor resultado obtido pela voz falada pode ser explicado pelo fato de que a mãe adapta menos suas entonações vocais ao cantar porque ela é de certa forma constrangida pela estrutura melódica. Quando está falando, ela instintivamente modula a voz para acalmar o bebê”, escreveu a autora principal do estudo Manuela Filippa, em nota.
A equipe também mediu o nível de ocitocina produzido pelos bebês nos três cenários através de testes de saliva e descobriram um aumento de 0,8 a 1,4 picogramas por mililitro quando a mãe estava próxima. “Nossos resultados comprovam a importância de manter mães e filhos próximos mesmo na UTI”, afirmou Filippa. “A presença dos pais contribui para que o prematuro tenha o melhor desenvolvimento possível nesse período tão delicado”.
Muitos bebês prematuros, passam os primeiros dias ou semanas de suas vidas em incubadoras e são submetidos a vários procedimentos médicos, que podem incluir coleta de amostras de sangue, a inserção de tubos de alimentação e intubação para aqueles que precisam de ajuda para respirar. Como muitas vezes não é possível dar analgésicos aos bebês, pois eles podem interferir no desenvolvimento neurológico, os pesquisadores ressaltaram a importância da proximidade com a mãe para o bem-estar dos pequenos.
Fonte: Revista Crescer