18 de Fevereiro de 2013
Arthur, um gigante guerreiro
Impossível não ser contagiado pelo sorriso do Arthur que, mesmo depois 1 ano 3 meses internado, emana uma felicidade imensa. Impossível também conter as lágrimas ao ler sua história; história de uma luta árdua pela vida, luta essa que continua até hoje. Desejamos toda a saúde e felicidade do mundo pro Arthur e sua família abençoada. Beijos, mamãe Marilia, obrigada por tudo!
"Olá! Sou Marília mãe do Arthur meu grande guerreiro. Sempre dizia que quando eu tivesse um filho se chamaria Arthur. Mas achei que isso nunca fosse possível, pois a médica dizia que eu não poderia ter filho porque tinha endometriose e seria muito difícil engravidar. Foi então que eu parei de tomar remédio. Quinze dias depois, a novidade: estava grávida.
Estava namorando a apenas nove meses de namoro e fiquei desesperada, mas muito feliz. Em Julho de 2011, descobri que seria um menino. E então meu sonho se realizou, teria meu Arthur.
No dia 04 de setembro de 2011, com 24 semanas, comecei a sentir fortes dores nas costas e na parte debaixo da barriga. Fui para o hospital e o baque: meu fígado e meus rins estavam entrando em falência. Ficamos desesperados, mas Deus foi maior e meus órgãos começaram a voltar. Fiquei de repouso durante 15 dias, e em 16 de setembro de 2011 o Arthur estava ficando sem oxigênio e eu com pré-eclampsia.
Arthur nasceu na madrugada do dia 17 de setembro daquele ano, com 26 semanas, pesando 720 gramas e medindo 33 centímetros. Eu fui para UTI com pressão muito alta e não pude conhecer meu filho. Fui conhecer meu guerreiro dois dias depois. Quando entrei na sala, a enfermeira falou: “Você que é mãe do gigante?” Eu disse: “Eu mesma, com um sorriso no rosto”.
Quando o vi, foi mágico, lindo, e fiquei apaixonada na hora. Mal sabia o que me esperava. Com 12 dias de vida e pesando 690 gramas, ele precisou fazer sua primeira cirurgia, fechamento do canal arterial. Seu coração jogava muito sangue para os pulmões. Com um mês de vida, seus rins pararam de funcionar e chegou a notícia: ele precisava fazer diálise. Pensei: “Meu Deus, como ele só tem 900 gramas".
Arthur fez diálise uma, duas, três vezes. Ele quase se foi. Estava tão inchado que foi difícil de passar o catéter na barriga e acabaram perfurando seu fígado. Foi um desespero total! Orei muito, e minha família sempre comigo, e Deus atendeu as nossas preces. Meu filho se recuperou.
Depois disso, foram diversas quedas de saturação, parâmetros lá em cima, uso de N.O. e a necessidade de ficar na alta frequência, pois retinha muito CO2. Mesmo depois das diálises, ele continuava inchado, mas ninguém fazia nada. Diziam que nada poderia ser feito.
Então, em fevereiro de 2012, eu e meu marido decidimos transferi-lo para outro hospital. Com 1 semana no novo hospital, Arthur fez um pneumotórax e este ar nos pulmões precisava ser drenado. Ele tinha bolhas de ar em todo o pulmão e decidiram drenar estas bolhas. Mais uma cirurgia. Foi então que os médicos disseram que ele não aguentaria uma extubação e precisaria ser feito a traqueostomia. Foi uma decepção, pois nunca tentaram extubá-lo. Decidimos que o melhor seria isso mesmo.
Arthur ficou com quatro drenos durante 2 meses. Quando achávamos que estaria tudo resolvido, veio mais uma bomba. Em maio de 2012, Arthur apresentou uma hérnia no local onde fez a diálise, o que precisava ser corrigido. Foi então que falaram que precisava ser feita a gastrostomia e a correção da hérnia.
No dia 23 de Maio de 2012, mal sabia o me esperava. Foram 4 horas de cirurgia e ele voltou muito ruim. A hérnia era seu intestino que estava para fora. E ao colocar o órgão no lugar, ficou muito apertado, comprimindo seus pulmões. Uma bactéria que estava no intestino caiu no sangue, causando uma infecção generalizada.
Arthur foi recuperando-se aos poucos. No dia 11 de junho de 2012, dia do meu aniversário de 27 anos, fui comemorar com meu marido e minha família tanto meu aniversário quanto a recuperação do Arthur. Compramos um bolinho em casa, jantamos e fomos dormir.
Às 4 horas da manhã, tocou o telefone e minha mãe atendeu. A enfermeira, Cris, falou: “Ai é da casa de Marília e do Marcos?” E eu na extensão. Minha mãe pergunta o que estava acontecendo, mas a enfermeira diz que nós tínhamos que ir para o hospital urgentemente porque o Arthur não estava bem.
Corremos de pijama, meu marido dirigindo desesperadamente e eu ligava no hospital para obter mais informações. Eu só queria saber se ele estava vivo ou morto. A enfermeira, mesmo sem poder falar, disse que o pior ainda não tinha acontecido. Não sei explicar a sensação que tive na hora. Uma mistura de angústia, de desespero.
Chegamos ao hospital e não conseguia ver nada. Só via meu bebê cheio de fios e máquinas trabalhando. Ele estava roxinho e muito inchado. A saturação não passava de 60. Adrenalina é o que mantinha ele vivo junto com um sedativo que paralisava todos os seus músculos do corpo. Me joguei em cima dele e pedi para ele aguentar firme, que eu não poderia viver sem ele. Minhas lágrimas encharcavam o corpo dele.
Disseram que seu coração não estava aguentando mais e que ele teve uma parada. Meus pais chegaram para nos dar força e esperamos alguma reação e nada. Foi quando os rins entraram em falência novamente. Não cabia mais líquido dentro dele. A pele parecia que iria explodir. E os médicos disseram: “Só estamos esperando o coração parar de bater, ele não aguenta uma diálise e muito menos uma hemodiálise”.
Durante todo meu relacionamento nunca tinha visto meu marido chorar. Foi quando eu vi o desesperado dele, em prantos. Pedi a Deus que tivesse misericórdia e que, se fosse para ele sofrer, que o levasse, não aguentava mais vê-lo naquele estado.
Em uma tarde, minha mãe ficou comigo orando e pedindo muito para nossa Senhora. Foi quando a equipe médica chegou e disse que tentariam um plano C, um medicamento que não tinha no hospital e que mandariam comprar fora. Era a última coisa a ser feita. Minutos depois o xixi começou a escorrer pela sonda e com o remédio agindo, naquela noite ele fez 400 ml de xixi e a partir daquele momento eu pude ver que o Milagre existe.
Arthur foi recuperando-se aos poucos. Hoje ele é uma criança asmática com muitas crises e dependente de oxigênio.
Hoje, 22 de novembro de 2012, estamos 430 dias internados. Arthur nunca foi para casa, mas o nosso sonho de levá-lo está próximo. Talvez neste Natal o nosso presente veja nosso pequeno e grande guerreiro Arthur ao lado de sua família que muito o ama em seu lar.
Nunca perca a fé. E milagres existem. Arthur é uma prova disso."
Marilia, mãe do Arthur.
Notícias do Arthur!
Ele foi para casa (êêêêê!!!) no dia 21 de Dezembro de 2012 e passou seu primeiro Natal com a família. A Marilia diz que foi lindo, "cheio de surpresas e muitas emoções". Ele está com home care, com a traqueostomia, a gastrostomia, dependente de ventilação, mas está evoluindo mais e mais a cada dia.
E a gente fica, aqui torcendo pela completa recuperação do Arthur! :)