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22 de Maio de 2023
Arthur Meu Milagre
Passei por um parto prematuro de 27 semanas e o meu bebê Arthur nasceu pesando 645 gramas, infelizmente não pude amamentar primeiro pelo estado de saúde dele que era gravíssimo devido ao baixo peso e a prematuridade de todos os órgãos, e também não me via naquela situação de UTI, com muitos medos, meu leite acabou secando.
Na UTI os bebezinhos se alimentam por sonda e quando atingem o peso iam para o peito ou aprendem a mamar na chuquinha. O Arthur começou tomando 1 ml a cada duas horas, eu observava os leitos ao lado e via alguns bebês que tomavam 40 mls e sonhava com o meu filho tomando tudo aquilo porque quando isso acontecesse sabia que a nossa alta estaria próxima.
Tudo isso demorou mais do que eu imaginava, ficamos 163 dias na UTI quando estávamos prestes a ter alta e o Arthur já havia começado a tomar leite pela chuquinha, notava que algo não estava normal porque ele chorava muito a cada mamada.
Cancelaram nossa alta e fizeram alguns exames. Ele tinha refluxo oculto e o grau era o mais forte e também foi descoberto que ele tinha uma incoordenação na hora de mamar.Quando o médico foi passar a visita para falar sobre os resultados ele me explicou que a única coisa que poderia ser feito era uma gastrostomia, é quando colocam uma sonda direto na barriga e você injeta o leite para ir direto até o estômago.
Meu chão se abriu quando eu ouvi aquilo, não me conformava, no mesmo dia ele pediu para chamar meu esposo e fez uma reunião para explicar o procedimento e para podermos autorizar a cirurgia. Isso tudo foi numa quinta feira, eu saí da reunião dizendo que pensaria, mas o médico disse que não teria outra solução.
Vim para casa e na sexta-feira autorizei a cirurgia, fui embora inconformada, mas não tinha outra saída. O médico orientou que seria necessário encontrar uma fonoaudióloga apta a ensinar meu filho a mamar pela boquinha e assim poder reverter a gastrostomia.
Antes de encontrar uma solução que não fosse a cirurgia todos os meses desde quando meu filho nasceu eu escrevia uma carta para Nossa Senhora, a cada mês completado e por todos os milagres que tinham sido concedidos na vida do meu filho, através de uma carta implorando para que ela me desse uma luz e eu conseguisse resolver tudo isso.
No sábado e no domingo fui atrás de inúmeras fonoaudiólogas e todas elas me disseram para não autorizar a cirurgia, porque meu filho tinha capacidade de aprender a mamar já que ele havia mamado por uma semana na chuquinha com muita dificuldade mais mamou.Na segunda cheguei ao hospital na hora da visita e disse ao médico que não autorizava a cirurgia, ele disse que era por minha conta e que meu filho poderia morrer.
Deus Permitiu que meu filho sobrevivesse quando todos diziam que ele nasceria morto e que mesmo muita gente sendo contra a minha decisão, eu e meu filho vencemos, uma semana depois tivemos alta com uma sonda nasal e no outro dia já comecei a levar ele na fonoaudiólogas para treinar e aprender a mamar corretamente. Vinte dias depois conseguimos tirar a sonda e ver ele mamar exclusivamente pela mamadeira foi um misto de alegria e de gratidão por ter seguido meu instinto e ter confiado na minha fé.
Meu filho não sabia fazer coisas vitais como respirar e um mês antes da alta ele aprendeu a respirar sozinho, sem auxílio de oxigênio, então depois disso coloquei na minha cabeça que meu filho podia aprender tudo. Para a maioria dos bebês que nascem no tempo certo a amamentação seja no peito ou na mamadeira tem seus desafios mais para um bebê prematuro que foi exposto ao mundo muito antes de desenvolver suas aptidões é um processo que às vezes demora semanas ou às vezes meses.
Me sinto vitoriosa e não menos mãe por meu filho não ter sido alimentado pelo peito. Às vezes a mamadeira que muitas mães têm pavor em dar para os filhos, foi o meu maior sonho realizado quando o meu mamou pela primeira vez.
(Relato da mamãe Cintia enviado em 2022)