10 de Novembro de 2013

Ana Clara: a vencedora

“Com 28 semanas de gestação, a minha pressão não estava tão alta, mas com muitos altos e baixos. Então Ana Clara teve que vir ao mundo. Pesou 835 gramas, chorou como um miado de gato, mas não precisou de aparelhos para respirar. Foi levada à UTI Neo e colocaram um capacete com ar ambiente para ela respirar, apenas para não cansá-la.

Ficou em jejum por 3 dias, tomou parenteral na veia, uma vitamina para suprir suas necessidades enquanto estava em jejum. Começou tomando 1 ml de leite materno pela sonda, de 3 em 3 horas. Quando estava com 5 ml de leite de 3 em 3 horas, dia 24/12/2012, véspera de Natal, Ana Clara contraiu uma bactéria gravíssima e resistente a antibióticos. Seu caso começou do zero outra vez.

Foi entubada, dopada e fez 2 transfusões, devido a uma anemia profunda. Ficou em jejum por 15 dias novamente e o médico deu 72 horas de vida pra ela. Foi aí que meu mundo caiu. Todos os dias furavam ela para fazer controle da bactéria, e descobrimos que a contaminação estava infiltrada no cateter. Foram 10 dias entubada, 12 no CPAP, 10 no capacete novamente e, por fim, o ar ambiente na incubadora.

Ana Clara chegou a pesar 750 gramas e o médico da UTI disse que, de todas as crianças que contraíram essa doença, apenas 2 se safaram. Peguei minha Ana no colo 55 dias depois de nascida. Só eu vi 4 bebês irem a óbito naquela UTI, eu passava todos os dias lá, das 12h até às 21h. Acompanhava todos os procedimentos, foi onde aprendi a ser forte e descobri o quanto ela era forte. Cada conquista, ainda que fosse a passo de tartaruga, comemorava como quem acabara de ganhar um prêmio milionário.

Foram 71 dias de UTI Neo e 14 dias de berçário. Foram dias doídos, me lembro quantas vezes vi as mulheres que davam à luz na maternidade sair com seus bebês nos braços e pensava: por que comigo tinha que ser diferente? Pensava que meu dia nunca ia chegar, mas meu dia chegou e eu saí pela porta com minha linda Ana, pesando 2,005 kg. Hoje ela está com 8 meses e 23 dias e eu posso dizer que eu venci!”

Lei mais histórias de bebês prematuros.