09 de Julho de 2013

Alexandre Jr.: nosso gigante milagre

“O sonho do meu marido sempre foi ser pai, mas levei 10 anos para tentar engravidar. Fui ao médico, fiz todos os exames, comecei a tomar ácido fólico e foi tudo perfeito, conseguimos de primeira. Mas depois de oito semanas tive um sangramento e descobrimos que o batimento do feto havia parado. Tive que fazer curetagem, foi uma desilusão enorme. Sofremos muito, mas não desistimos. Depois de alguns meses, tentamos novamente e a história se repetiu. Foram dois abortos em menos de 1 ano, ficamos esgotados emocionalmente.

Resolvemos dar um tempo, me dediquei inteiramente ao trabalho e, quando menos esperávamos, eu estava grávida de novo. Foi um susto, o medo era enorme, a insegurança gigantesca, mas encaramos.

A gravidez foi problemática desde o início, descobri que eu tinha um grau baixo de trombo filia e comecei a tomar anticoagulante para garantir a irrigação e alimentação do feto. Com nove semanas, tive uma hemorragia e descobrimos que a placenta estava prévia, então passei a ficar de repouso absoluto. Larguei tudo, minha mãe veio nos auxiliar e meu marido teve que dedicar a maior parte do seu tempo a mim.

Estive internada 3 vezes por causa de hemorragias e pouco líquido amniótico. Na terceira internação, cheguei em trabalho de parto, havia acabado de completar 25 semanas de gestação. Fiquei alguns dias na clínica ainda em repouso absoluto, mas não teve jeito, a bolsa rompeu. Foi um desespero imenso porque não esperávamos, estávamos felizes achando que eu poderia ir pra casa naquela semana.

Foi a maior loucura, aconteceu em um raro momento em que eu estava sozinha, minha médica estava fora do país e o médico que estava me acompanhando estava em um evento familiar. A médica de plantão não conhecia o meu caso, assim, depois de 3 horas, exames e ligações, o médico chegou e disse: ‘não vai ter jeito, Ana, o Alexandre vai ter que nascer’.

Meu mundo ruiu, meu tão esperado bebê teria que nascer, assim, tão cedo. As chances de sobrevivência eram tão pequenas, eu já me preparei para o pior, me agarrei ao meu marido e chorei sem poder fazer nada.

Mas DEUS é infinito em sua misericórdia e assim, contrariando todas as expectativas, meu gigante milagre nasceu. Com 25 semanas e 5 dias, pesando 895 gramas e medindo 31 centímetros, com apgar 8. Não precisou ser entubado, ficou no CPAP 2 vezes por um curto período, teve duas infecções, fez cinco transfusões de sangue e ficou com oxigênio na incubadora por 21 dias. Teve dificuldade para aprender a mamar, até porque eu não estava produzindo muito leite, e teve alta após 67 dias, pesando 2,130 kg, medindo 42,5 cm e tomando complemento.

Ele fez uma hemorragia intracraniana grau I sem nenhuma seqüela. Oftalmo, neuro, eco, tudo certo. Em casa foi só alegria, ganhou peso rapidamente e, com seis meses, estava pesando 7,660kg e medindo 59,5cm. Mas, infelizmente, ele havia parado de mamar no seio um mês antes e o refluxo, que era fraco, aumentou drasticamente. Ele parou de mamar da noite para o dia.

Fomos em vários médicos, fizemos dezenas de exames, consultamos com diversos especialistas e nada, ele continuava a perder peso e não aceitava a alimentação. Cheguei ao extremo de alimentá-lo com seringa e, mesmo assim, os vômitos não cessavam. Após um mês nessa loucura e 1,200kg a menos, ele foi internado no Hospital Infantil, onde foi para a sonda e permaneceu por 18 dias. Viraram ele do avesso e não descobriram nada. Ele saiu como entrou, vomitando, com o diagnóstico de anorexia pós-traumática por causa de uma esofagite não diagnosticada, com sonda e um monte de remédios.

Em casa foi uma tristeza só, ele vomitava tanto que até a sonda saía. Passava bem mal e nós corríamos para o hospital. Até que em uma dessas vezes ofereci leite materno da madrinha dele, que havia acabado de ter bebê e, meu DEUS, vocês não imaginam a emoção quando ele mamou depois de mais de dois meses.

A partir deste momento, fiz de tudo para voltar a ter leite mas não consegui. Então a madrinha dele mandava leite todos os dias e eu fui tentando inserir outros leites e alimentos, até que ele aceitou o leite de cabra e controlamos o refluxo.

Hoje ele está com 1 ano e 4 meses, 7kg e 72cm. Tem mais dias bons do que ruins, é uma luta diária em busca do aumento de peso. Mas não temos do que reclamar, ele é uma criança saudável, super ativa, seu desenvolvimento está dentro do esperado.

É o anjo da nossa vida, nossa estrela maior, a luz do nosso caminho, nosso gigante milagre.

Gostaria de agradecer ao meu marido Alexandre, que foi e é amoroso e dedicado a nós. Ele sofreu tanto ou mais que eu pois, além de acompanhar o sofrimento do nosso filho, também tinha que me amparar e acompanhar o meu sofrimento.

Meu relato neste site é fruto da ajuda que as histórias narradas aqui nos proporcionaram, e para ressaltar o quanto a amamentação é importante, principalmente para nossas crianças que são tão especiais.

Desejo a todos muita saúde e força, pois, eles são o maior exemplo de determinação que poderíamos ter na vida.”

Ana Rafaela, mãe do Alexandre

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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