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25.06.2012

A luta pela vida no frágil mundo dos bebês prematuros


     Bom dia!

     Semaninha começa com uma excelente matéria da Época, daquela série um pouco antiga, eu sei, mas que aborda muito bem o universo prematuro, a luta diária pela vida nas UTIs, a emoção das famílias e histórias de superação.

     Boa leitura e boa semana pra todo mundo!




     texto por Cristiane Segatto, Gisela Anauate e Marela Buscato / fotos por Caio Guatelli para Época, Julho/08



     A luta pela vida




Fonte: Thinkstock

     Um dos principais avanços que permitiram mudar o destino dessas crianças foi a produção em laboratório de uma substância chamada de surfactante. Os pulmões dos prematuros ainda não estão prontos para produzi-la naturalmente. Antes dos anos 80, as crianças morriam de asfixia. Foi o que aconteceu com Patrick, o filho caçula do presidente John F. Kennedy que nasceu em 1963 com 2,1 quilos no sétimo mês de gestação. Essa morte precoce estimulou um grande investimento em pesquisa e equipamentos nos Estados Unidos. Surgiram as primeiras UTIs neonatais. Hoje, até os serviços mais modestos do Brasil recebem surfactante. Houve uma enorme evolução também na cardiologia neonatal, na nutrição dos bebês, na monitoração da oxigenação sanguínea, na tecnologia das incubadoras. Com esses recursos, as melhores UTIs brasileiras exibem elevados índices de sobrevivência. Entre os bebês que nascem depois das 28 semanas de gestação, 95% sobrevivem. Mas apenas metade dos nascidos na 23ª semana sobrevive.



“O desenvolvimento do prematuro pode ser influenciado pelo barulho e pela dor”


Mary Rutherford, neurocientista.





     O esforço das equipes para manter essas crianças vivas a todo custo produziu o fenômeno dos microprematuros. No ano passado, a americana Amillia Sonja Taylor, nascida com 283 gramas e 24 centímetros na metade de uma gestação normal, surpreendeu o mundo ao sobreviver. Ela passou quatro meses num hospital de Miami, onde enfrentou inúmeros procedimentos dolorosos. Considerada a menor prematura do mundo, Amillia vai fazer 2 anos em outubro. Precisa de oxigênio para dormir e tem alguns atrasos de desenvolvimento. Não consegue sentar-se sozinha e tem dificuldade para sustentar a cabeça. O menor bebê brasileiro que conseguiu sobreviver é Arthur Carvalho. Ele nasceu há quase dois anos na Clínica Perinatal Laranjeiras, no Rio de Janeiro. Pesava apenas 385 gramas. Seu pé media 3,7 centímetros – um pouco maior que o diâmetro da moeda de R$ 1. Arthur não apresenta seqüelas. Histórias de sucesso levam pais e obstetras a supervalorizar o poder dos neonatologistas. “Todos acham que a UTI vai dar um jeito, e o prematuro vai sobreviver com qualidade de vida. Nem sempre é assim”, diz Sergio de Sousa Ayres, chefe da UTI neonatal do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.
     Para garantir um futuro saudável é fundamental reduzir os eventos que podem deixar seqüelas. Prematuros podem sofrer hemorragias, ter dificuldades para respirar e para fazer funcionar órgãos não totalmente desenvolvidos. O cérebro do bebê pode deixar de receber a oxigenação necessária. Tudo isso pode causar graves lesões cerebrais. “Esses problemas e o risco de infecções são os principais perigos para o cérebro em desenvolvimento”, diz Mary Rutherford, pesquisadora do Imperial College, em Londres. Ela usou imagens de ressonância magnética para avaliar como se desenvolve o cérebro de prematuros. “As imagens mostram que o processo de desenvolvimento do cérebro de um prematuro continua intenso, mesmo enquanto ele está enfrentando o ambiente adverso de uma UTI neonatal”, diz Mary. “É certo que fatores como luz intensa, barulho e dor terão conseqüências no desenvolvimento futuro. Mas ainda não conseguimos entender exatamente qual é a extensão disso”.



     As emoções da família

     A vida na UTI é muito estressante também para os pais. As emoções são volúveis. Transformam-se na velocidade de um choro. Se uma mãe num minuto está esperançosa, no outro está aflita. “Ganhei uma úlcera nervosa”, diz Klébia Leite Ribeiro, de 40 anos, mãe de Arthur, há quase dois meses no Hospital das Clínicas. Ele nasceu com problemas graves no coração. Debilitado, contraiu pneumonia. Klébia passa as manhãs em casa com os outros três filhos. As tardes são de Arthur. “Quando a criança está internada, parece que não é sua, e sim do hospital”. A primeira visita ao filho internado é provavelmente um dos momentos mais difíceis para os pais. “A prematuridade é quase um atropelo”, diz a psicóloga Prislaine Krodi, do Hospital das Clínicas. “Quando o parto acontece, a mãe ainda está abrindo um espaço psíquico para um filho em sua vida”. O período de gestação é importante para a mente da mãe aproximar a imagem do bebê que sonha em ter com a do bebê que nascerá realmente. No caso do parto prematuro, há uma interrup


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