30 de Abril de 2013

A luta pela vida de Marina


Agradeço à Maiana pelo carinho de sempre e por compartilhar a história de sua pequena Marina. Não foi fácil resumir tantos fatos e emoções em um só texto, mas valeu o sacrifício, Maiana: ficou lindo, um belo registro para um dia mostrares à tua princesa! Um beijo na Marina, muita saúde pra ela!

"Em abril de 2011, decidi que era o momento de parar com o anticoncepcional e me preparar para começar as tentativas de engravidar. Iniciei por conta própria como ácido fólico e no primeiro mês já tive um atraso. Mas, já grávida? Sentia umas dorzinhas no pé da barriga e 19 dias sem menstruar fui fazer um ultrassom. Descobrimos um cisto hemorrágico no ovário direito de 6 cm. Era preciso tirá-lo dali urgente.


Na época eu morava em Itaituba-PA, uma cidade maravilhosa, mas infelizmente com a saúde muito precária. Me desloquei para Belém e graças a Deus, ao chegar lá e fazer outra ultrassom, vimos que o cisto havia diminuído e sumira com o tempo. Esse cisto devia-se por eu não estar ovulando mais.


No mês seguinte, aconteceu novamente, dessa vez no ovário esquerdo. Com isso já estávamos em setembro, quando eu fiz os tais exames necessários antes de engravidar. Como nesse dia eu estava atrasada e já faria hemogramas, resolvi fazer um BetaHcg só por fazer. Não custa nada, né? E então, eu ganhava meu presente de aniversário: uma gestação. Não parecia verdade! Eu queria ver na tela do ultrassom. E eu vi, vi dois saquinhos. Perguntei para a médica se era normal e ela disse que sim, pois eram gêmeos. Então minha benção viria em dobro, quanta felicidade!


Semanas depois, fomos felicíssimos fazer a translucência nucal. Um dos bebês, estava perfeitinho, mas e o outro? Dizem que, quando há muita má formação, o corpo absorve. É a natureza e suas perfeições. Naquele momento eu queria que o bebê estivesse bem. E ele estava.


Tive a gestação PERFEITA. Sem enjoos, sem inchaços, sem azia, engordava 1kg por mês, fazia caminhadas, me alimentava bem e a pressão sempre ficava baixinha. Realizava meu sonho de ter a minha menina, a minha Marina. A menininha que eu sonhei desde criança, quando escolhi seu nome. Depois de conhecer o papai dela, ele entrou no meu sonho.


Minha gestação estava ótima até sexta-feira, dia 16 de março de 2012 às 18h, no dia em que completava 29 semanas.Um pequeno sangramento me levou a uma consulta de emergência, com uma médica que não era meu obstetra, porque ele não estava na cidade. Ao chegar ao consultório, quando ele foi introduzir o especulo, a Marina chutou e o especulo pulou. Quando a Dra. conseguiu ver, minha placenta estava toda pra fora, eu estava com 1cm de dilatação, em trabalho de parto prematuro, numa cidade que não tinha UTI. A médica me receitou Inibina EME,  mandou sair dali imediatamente, para que salvasse a vida da minha filha e a minha, caso algo me acontecesse.


Compramos passagens aéreas para o dia seguinte pela manhã. Saímos no sábado às 7h, ficamos um dia inteiro num hotel na cidade vizinha para que eu repousasse enquanto esperávamos o próximo vôo que seria na madrugada de domingo. Chegamos ao ES e então eu fui ao pronto-socorro na madrugada do dia 19 de março. Fui examinada e estava com 4cm de dilatação. Me deram uma injeção de corticoide e a médica torceu para que eu pudesse tomar a próxima no outro dia. Lembro-me que perguntei: Dra., então ela vai nascer agora mesmo? E se ela nascer, ela sobrevive? Ela respondeu que 'talvez sim'. Foi a coisa mais dura, fria e avassaladora que já ouvi até hoje.


Fiquei internada em repouso absoluto por 8 dias, tomando uma medicação mais forte para inibir o trabalho de parto, quando resolveram me liberar para que eu pudesse procurar um médico e sair das mãos dos plantonistas. Encontrei um anjo, Dra. Valéria, que com todo seu carinho e sinceridade me atendeu.


Uma semana após sair do hospital,  numa consulta, ela disse que a Marina não poderia nascer naquela semana, porque não havia sequer uma vaga na UTINeo. Ela me pediu um ultrassom, que eu faria com uma pediatra para avaliar melhor o bebê. Nesse ultrassom vimos que a Marina não engordava mais o suficiente e que o líquido amniótico tinha diminuído. A Dra. me mandou direto para o consultório da obstetra, que me deixara por ali, reidratando e com a cesárea marcada para o sábado. Por sorte, uma vaguinha milagrosamente apareceu na UTI. Durante todo esse tempo eu estava calma, esperando a hora que Deus resolvesse me dar a Marina.


No dia 14 de abril, às 12h e 45 min, eu nascia de novo. Nascia em mim uma pessoa que eu não conhecia e essa pessoa tinha a força de uma leoa, mas a fragilidade  de uma rosa: nascia a mãe da Marina. Ela,uma boneca que tinha 1,795kg e 40cm, de uma gestação de 33 semanas e 1 dia. Ela nasceu maior e melhor do que esperávamos. Respirava bem, mas ficou cansada momentos depois e foi entubada. Permaneceu assim por 48 h,até que pôde respirar sozinha novamente. Teve icterícia, ficou 5 dias na fototerapia enquanto lutávamos pela sucção. A pequena boneca tinha preguiça de sugar, nada mais cômodo que ter o leitinho direto no estômago, né?


Passamos 14 dias sentados na UTINeo, tentando amamentar, lutando por cada grama dela.  Peguei-a no colo pela primeira vez com 4 dias  ela vestiu sua primeira roupinha com 10 dias. Quando atingiu 1.820 kg fomos para o quarto, onde ela largou de vez a fórmula. Ela queria só o seio, só que com isso não estava ganhando o peso devido. Após 5 dias no quarto, fomos para casa, com 1.835 kg. Íamos para a UTINeo pesar e reavaliá-la 3 vezes por semana e numa dessas idas a pediatra nos aconselhou a complementar sua alimentação com a fórmula, visto que eu também passava muito mal quando ela estava só no seio.


E então, Marina finalmente começou a ganhar peso e recebemos alta definitiva da UTINeo, com 2.040 kg e 27 dias, ela pôde tomar enfim as vacinas. Começamos a levá-la numa pediatra. No início íamos 2 vezes por semana, depois 1 vez, depois de 15 em 15 dias.Devagar começamos a receber visitas, fomos à casa da vovó paterna para apresentá-la. E depois de todas as vacinas em dia, quando ela tinha 2 meses e 14 dias, voltamos para a nossa casa, no Pará.


Daí em diante foram bênçãos sobre bênçãos. Para honra e glória do nosso Pai querido! Marina hoje tem 10 meses, 9.200kg, 68cm e muita saúde.



Hoje, além de agradecer infinitamente a Deus, preciso agradecer ao meu amado esposo, que com muito sacrifício conseguiu uma licença do seu serviço para me acompanhar. Ele foi meus braços e minhas pernas durante os 29 dias que estive em repouso, ele esteve ao meu lado sentado numa cadeira na UTINeo durante todos os dias que a Marina ali esteve. Meu marido passou 3 meses em claro me ajudando com Marina histérica de cólica. Ele sempre me ajudou, apoiou e me deu o carinho que eu precisava.

Agradeço a minha mãe, a minha tia Herônia, que tanto nos ajudaram enquanto estávamos nessa rotina louca de hospital. Sem vocês teria sido muito difícil.E agradeço aos tantos amigos que nos visitaram, ligaram e nos colocaram em suas orações. Vocês nos fizeram mais fortes!

Agradeço também a equipe do Hospital Santa Mônica, Vila Velha/ES.

Ao Prematuridade.com e as mães e pais de UTI, obrigada por compartilharem conosco suas histórias, dicas e, acima tudo, obrigada por tanta fé, que nos ajuda e fortalece."

Maiana, mãe da Marina.


Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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