09 de Fevereiro de 2013

A lição de vida de Letícia Vitória


Que família linda! Felicidade completa com a chegada da pequena Letícia Vitória. Obrigada, Gisele, pelo envio da história. E muita saúde pra tua turminha!

"Olá, meu nome é Gisele.

Sou mãe de 2 meninos, Fabrício de 9 anos e Maurício de 7 anos, que nasceram em tempo certos e pesos normais.

Em minha terceira gestação tudo ocorria bem, estávamos muito felizes, pois o bebê era uma menininha. Mas, em uma noite de sábado, me preparando para um encontro de mulheres, ao me abaixar para prender as sandálias, ouvi um leve barulho e perdi um pouco de líquido. Liguei para meu médico, que disse eu poderia sair caso não estivesse sentindo dores ou, estivesse com perda de líquido ainda. Como estava me sentindo bem, saí. Passei momentos muito divertidos, ri muito com minhas amigas da igreja, voltei dirigindo para casa e ao subir as escadas percebi uma dorzinha. Chamei meu marido que estava dormindo e comentei com ele que sentia dores cada vez mais fortes e que minha barriga estava toda dura. Ele mesmo ligou novamente para o médico, que pediu para que eu fosse até a maternidade. Ele nos encontraria lá.

Ao me levantar e dar os primeiros passos a bolsa se rompeu e eu pude ver um líquido escorrendo entre as pernas. Sem entender bem o que estava acontecendo, fiquei nervosa e chorei muito no primeiro momento. Ao chegarmos à maternidade, já mais calma, as enfermeiras nos receberam prontamente. O médico já havia comunicado sobre o ocorrido e, ao me examinar, e constatar o rompimento da bolsa ficou pálido e informou que se as contrações não parassem, as chances de o bebê sobreviver sem as injeções para maturação dos pulmões seria de apenas 1%.

Me mantive em silêncio por alguns instantes enquanto a enfermeira me preparava para me levar ao quarto. Orei muito em pensamento e com as lágrimas escorrendo, percebi que Deus estava a frente de tudo, pois, naquela noite meus filhos ficaram dormindo em minha cunhada e eu não precisava me preocupar com eles naquele momento.

A maternidade tinha todos os equipamentos para o meu atendimento e da minha bebê, e com isso, as contrações foram diminuindo. já no quarto eu estava muito calma, serena e sorrindo. Estava certa de que tudo acabaria bem, que eu não precisaria me preocupar com nada. Apenas deveria cuidar para não me mexer muito a fim de não perder liquido. Essa era a prioridade.

Ainda na mesma madrugada, recebi a visita do nosso pastor, um amigo da minha sogra, e duas cunhadas. Todos juntos com meu marido, que muito abalado chorava, fizemos uma oração de mãos dadas. Este foi um momento especial.

Dois dias depois, no dia 1º de março de 2011 às 7h 22 minutos, a Letícia Vitória chegou com 870 gramas, aproximadamente 22 cm, de uma gestação de 26 semanas.

Quando eu fui até UTI Neonatal me sentia muito feliz, pois, no parto ouvi o resmunguinho dela ao nascer e estava ansiosa para conhecer uma princesa. Ela era muito pequenininha, pele frágil. Mas era linda, linda.

Foram momentos incríveis. Eu agradeci muito a Deus e de mãos dadas ao meu marido oramos com ela. Saí sorrindo e assim foram todos os dias em que ela permaneceu na UTI Neonatal.

Depois de 12 dias do nascimento dela pudemos tocá-la pela primeira vez. Foi realmente sensacional! Ela segurou firme em minha mão!

Com 21 dias de vida, eu pude pegá-la no colo e ver, pela primeira vez, ela com os olhinhos abertos. Porém, logo após ela teve apneias e voltou ao CPAP por mais um tempo.

O leite que eu tinha, levávamos congelado em um isopor que decoramos com o nome dela. Eu estimulava a minha produção de leite e cuidava, todo dia, quantos ml de leite a Letícia Vitória tomava. Pena que o tempo que tínhamos na UTI era de apenas meia-hora por dia.

Durante todo o tempo que a Letícia permaneceu, ela precisou apenas de 2 transfusões de sangue e de nenhum outro procedimento, graças a Deus!

Ela teve alta com 2,065  Kg após 81 dias de internamento.

Já em casa, tomamos todos os cuidados que sabíamos que seriam necessários, porém, com 10 dias, ela foi internada novamente. A noite na enfermaria ela estava com as unhas e a língua bem roxas, além de muito pálida. Eu não sabia o que era, pois tudo era muito novo, e como as enfermeiras vinham frequentemente no quarto não imaginava que poderia ser apneia.

Na manhã seguinte a enfermeira chefe, que já atendia a Letícia, só olhou pra ela e rapidamente saiu correndo com a menina nos braços pelos corredores pedindo para chamarem o pediatra urgentemente. Eles já a internaram na UTI Geral, no isolamento. Mesmo assustada, me mantive muito calma. Eu pude ficar com ela e assistir a todos os procedimentos serem realizados. Lembro-me que, no fim da tarde deste dia, ela teve uma apneia e não voltava com os estímulos. Eu e mais 2 enfermeiros estimulávamos sem parar, mas a Letícia estava a cada instante mais roxa. Mesmo trêmula, eu me mantive calma, me retirando da sala a pedido da enfermeira chefe e do pediatra.

Tentei ficar olhando os procedimentos, mas desta vez não permitiram. Sinceramente, este foi o momento mais difícil da minha vida. Os minutos se transformaram em horas intermináveis e com um copo de água na mão, encostada em uma parede, eu conversava com Deus. Ele me encheu de tranquilidade e certeza que estava no controle. Eu precisava apenas ter fé, que o restante Ele faria.

A Letícia precisou do CPAP novamente, mas, depois de 10 longos dias, levamos nossa mocinha pra casa. Dessa vez os cuidados foram redobrados, e, com muito amor e dedicação tudo deu certo.

Hoje a Letícia está com 1 ano e 9 meses, seu desenvolvimento é perfeito, e somos uma família grata a Deus pelo milagre duplo na vida da nossa estrelinha.

Também somos gratos a todas as pessoas que viveram junto conosco esses momentos importantes. Durante o período em que a Letícia Vitória esteve internada eu fiz um diário para ela contando tudo o que acontecia. Até hoje ainda escrevo.

Fiz uma caderneta de orações, onde buscava nas leituras bíblicas, promessas de bênçãos. Também pintei um calendário todas as noites, como forma de agradecer por mais um dia de vitória. Isso me fez muito bem.

Espero sinceramente ter contribuído... E que Deus os abençoe ricamente."

Gisele, mãe da Letícia Vitória.

Responsabilidade do conteúdo por conta do autor, não reflete o posicionamento da ONG. Não nos responsabilizamos pela veracidade dos fatos.

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