Campanha Março Lilás pauta atenção ao cuidado dos nascidos pré-termo; ONG Prematuridade reforça a questão.
O parto prematuro é a principal causa global da mortalidade infantil antes dos 5 anos de idade e, no Brasil, a cada 10 minutos, seis bebês nascem pré-termo, colocando o país na 10ª colocação no ranking mundial de partos prematuros. Neste mês, a campanha Março Lilás, criada pela SPSP (Sociedade de Pediatria de São Paulo), em 2017, e apoiada pela ONG Prematuridade.com, reforça a atenção ao cuidado do bebê prematuro, não só durante a internação, mas também após a alta hospitalar.
Um ponto de extrema importância no cuidado do bebê prematuro e que, a princípio, parece ser bastante desafiador, é a amamentação. “Se para um bebê a termo o leite materno já traz incontáveis benefícios, para um prematuro ele representa a chance de mais qualidade de vida e bem-estar na infância e na vida adulta. A amamentação é um assunto que nos sensibiliza e queremos apoiar as famílias de bebês prematuros que estão passando por esse processo”, fala a diretora-executiva da ONG Prematuridade.com, Denise Suguitani.
A amamentação do prematuro, além de fortalecer o vínculo mãe-filho, muitas vezes abalado por longas permanências na UTI Neonatal, é responsável por favorecer a maturação gastrintestinal e garantir o melhor desenvolvimento neuropsicomotor dessas crianças.
Quando ocorre a alta hospitalar, o bebê deve passar por consultas periódicas com médicos e outros profissionais como nutricionista, psicólogo, fonoaudiólogo, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, entre outros, para o acompanhamento do seu desenvolvimento.
Outra questão essencial é a vacinação. No entanto, dados de uma pesquisa realizada no ano passado pelo Instituto Ipsos, em parceria com a gigante farmacêutica Sanofi, trouxe um alerta: 29% dos pais que tiveram bebês prematuros extremos (abaixo de 28 semanas de gestação) nascidos nos 12 meses anteriores à data de aplicação da pesquisa atrasaram — ao menos alguma vez — a vacinação das crianças e, destes, 15% deixaram de fazê-la porque esqueceram das vacinas, ou ainda, devido a algum imprevisto.
“A vacinação é fundamental em qualquer circunstância, sobretudo para os prematuros, que são mais suscetíveis a doenças e infecções. Os bebês prematuros inspiram cuidados especiais, pois costumam apresentar baixa imunidade e sistema respiratório mais frágil", ressalta Denise. “Além disso, toda família e pessoas com quem o bebê tem contato, devem estar com o calendário vacinal em dia”, finaliza.
Cuidados se estendem aos pais
O nascimento de um bebê prematuro, por si só, é um grande desafio, que traz aos pais angústias e inseguranças. Por isso, um olhar especial a eles também é necessário. Para atender às famílias nesse perfil, a ONG Prematuridade.com criou um Núcleo de Saúde Mental, que realiza encontros e atendimentos individuais, online e gratuitos.
“Durante este um ano, percebemos que nossa ideia inicial de acolhimento, tornando a vivência da prematuridade menos solitária, foi confirmada pelo relato das mães nos vários grupos e atendimentos individuais”, fala a coordenadora de Núcleo de Saúde Mental da ONG Prematuridade.com, a psicóloga, Sueli Lopes. “O que temos ouvido é a importância de elas terem um espaço de fala de suas angústias, tristezas, dúvidas, apreensões e cansaço, sem interrupção ou julgamento. No luto, ouvimos da importância deste espaço sem cobranças de tempo ou de atitude, deixando e sendo permitido que o luto seja vivido”, acrescenta.
O Núcleo contribui para a prevenção de adoecimentos emocionais destas famílias e, por consequência, na saúde mental também dos bebês, melhorando o vínculo familiar. “O núcleo tem como proposta o acolhimento como prevenção de riscos à saúde mental da mãe e do bebê, visto que o sofrimento inevitável pela prematuridade poderá desencadear um trauma ou adoecimento emocional” ”, conclui.
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